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Ex-mulher de Omar Mateen fala ao Correio sobre atentado em Orlando

Sitora Ali YuSufi, natural do Uzbequistão, e o afegão naturalizado norte-americano Omar Mateen ficaram casados por cerca de quatro meses

Rodrigo Craveiro
postado em 19/06/2016 08:52

Sitora Ali YuSufi, natural do Uzbequistão, e o afegão naturalizado norte-americano Omar Mateen ficaram casados por cerca de quatro meses

Do namoro que teve início na internet, no mesmo ano veio a união, celebrada em 22 de abril de 2009. Sitora Ali YuSufi, natural do Uzbequistão, e o afegão naturalizado norte-americano Omar Mateen ficaram casados por cerca de quatro meses. O conto de fadas e as promessas de felicidade deram lugar a uma relação conturbada. Em entrevista ao Correio, Sitora contou que jamais imaginou que o ex-marido fosse capaz de invadir uma boate voltada para o público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), em Orlando (Flórida), e disparar um fuzil AR-15 contra os frequentadores, matando 49 pessoas e ferindo 53. ;Ele, realmente, nunca deu qualquer indicação de qualquer tipo de radicalismo.;

Uma semana depois do maior ataque terrorista nos Estados Unidos desde 11 de sembro de 2001, ela diz que Mateen se tornou possessivo e opressor após um mês de casados. Sitora revelou que o ex-marido chegou a mantê-la refém em uma ocasião. ;Meu pai me salvou (do relacionamento);, lembra. Foi quando, com o apoio da família, decidiu denunciá-lo à polícia. ;Eu estou grata pelo fato de aquela situação não ter se tornado muito pior;, afirma. Hoje casada com um brasileiro, Sitora admite que Omar Mateen tinha tendências homossexuais. ;Ele se olhava no espelho por horas e eu pensava que aquilo era meio bizarro;, comentou, observando que Omar nutria ;sentimentos muito fortes; em relação aos gays. Na entrevista, feita por e-mail, a ex-mulher não citou o nome do atirador e enviou uma mensagem emotiva aos feridos e aos familiares dos mortos na boate Pulse. ;Eu rezo por vocês todos os dias, para que sua dor não seja em vão.;

Quais foram as primeiras impressões que a senhora teve de Omar Mateen ao conhecê-lo?
Ele parecia um cara perfeitamente normal... Você sabe... Charmoso, agradável, engraçado... Eu realmente jamais poderia pensar no que ele se tornou.

Por quanto tempo estiveram casados? E quais foram os primeiros sinais de que havia algo errado?
Nós estivemos casados por cerca de 4 meses. Em um primeiro momento, eu apenas percebi quão possessivo ele era e, de alguma forma, opressor. Eu era muito jovem, tinha apenas 20 anos. Honestamente, pensei que fosse algo normal. E que o casamento era aquilo mesmo. Mas, então, ele começou a se tornar agressivo, depois de um mês. Ele ficava chateado e me batia. Também não permitia que eu conversasse com minha família. Definitivamente, poderia dizer que existia uma bipolaridade aparente.

Que tipo de maus-tratos ele cometeu? Chegou a denunciá-lo?
Olha... Ele era um cara agressivo. Ele me agarrou e, umas duas vezes, bateu em mim pelo simples fato de a roupa não ter sido lavada. Nós o denunciamos quando ele me deixou ir. Ele tentou me fazer refém, e meu pai me salvou. Isso foi quando fizemos uma denúncia à polícia. Eu estou grata pelo fato de aquela situação não ter se tornado muito pior e por meu pai não ter feito nada ruim, porque ele tentou me segurar e impediu minha família de me levar embora. Eu me sinto muito abençoada e grata por ter sobrevivido. Agora, estou aqui com meu marido, que, como você sabe, é brasileiro.

Não existe jihad aqui... Há apenas um garoto confuso, que nunca poderia ser aceito e, realmente, não se encaixava em lugar algum;

Alguma vez ele lhe transmitiu uma indicação de radicalização? A senhora se recorda de ele falar sobre os atentados de 11 de setembro, sobre a Al-Qaeda ou o jihadismo?
Não, não mesmo. Ele ficou chocado, assim como todo o mundo, com o que ocorreu em 11 de setembro de 2001. Ele, realmente, nunca deu qualquer indicação de qualquer tipo de radicalismo. Ele gostava de beber muito, o que não era bem aceito por sua família. Definitivamente, ele não teve qualquer conexão com essas organizações enquanto eu estava lá.

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