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Conheça quem foram os 43 estudantes mortos em massacre no México

Foram seis semanas de desaparecimento, até que, nesta sexta-feira (7/11), foi anunciado que traficantes assassinaram os estudantes

Agência France-Presse
postado em 08/11/2014 20:11

Foram seis semanas de desaparecimento, até que, nesta sexta-feira (7/11), foi anunciado que traficantes assassinaram os estudantes

México - Os depoimentos que revelaram o massacre dos 43 estudantes desaparecidos no México podem dar um trágico desfecho a seis semanas de angústia nacional, que expuseram a gravidade da infiltração do narcotráfico no governo mexicano.

Na sexta-feira, a Procuradoria Geral anunciou que três traficantes do cartel Guerreros Unidos confessaram ter assassinado e queimado os corpos dos estudantes, que lhes foram entregues por policiais corruptos da região de Guerrero (sul).

Os jovens, que estudavam para serem professores nessa região rural carente, haviam viajado à cidade de Iguala, em 26 de setembro, para arrecadar fundos para sua escola. O grupo usou vários ônibus, tomados à força, prática comum em suas mobilizações.

A Procuradoria acusa o prefeito de Iguala e sua mulher de ordenarem a seus policiais que atacassem os estudantes.

[SAIBAMAIS]- Quem são os 43 estudantes?
Todos são rapazes, a maioria entre 18 e 21 anos, alunos da escola rural Raúl Isidro Burgos, de Ayotzinapa, a cerca de 125 km de Iguala. O sonho desses jovens era conseguir um emprego como professor para darem aula nas comunidades de Guerrero, uma das regiões mais pobres do país.

Abel García Hernández, por exemplo, tem 19 anos e é originário de Tecoanapa, um humilde povoado da costa de Guerrero. Chegou à escola em agosto, porque queria se dedicar ao ensino do espanhol e da língua indígena mixteca.

"Queria ser alguém na vida", disse à AFP um parente de Abel que pediu para não ser identificado.

A escola de Ayotzinapa é conhecida por sua ideologia socialista e por seu ativismo radical. No pátio central, os murais reverenciam Karl Marx, Mao Zedong e Ernesto "Che" Guevara.

Nesse lugar, foram formados alguns líderes das guerrilhas mexicanas da década de 1970, como Lucio Cabañas.

- Quem são os Guerreros Unidos?
São uma cisão do cartel dos irmãos Beltrán Leyva, que chegou a ser um dos mais poderosos e com maior capacidade de corrupção no México, até seu líder, Arturo Beltrán Leyva, conhecido como "o chefe dos chefes", ser abatido por militares em 2009.

Agora, o cartel Guerreros Unidos está entre a meia dúzia de grupos criminosos em operação em Guerrero.

O governo do México acusa o Guerreros Unidos de estar entre os principais traficantes de ópio e maconha na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. Seu líder, Sidronio Casarrubias, foi capturado em 17 de outubro.

- Quem são o prefeito de Iguala e sua mulher?
Conhecidos como "o casal imperial" por sua riqueza e poder, o então prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua mulher, María de los Ángeles Pineda, fugiram da cidade dias depois dos desaparecimentos.

Irmã de três narcotraficantes do cartel dos Beltrán Leyva, María de los Ángeles é acusada de ser a principal operadora dos Guerreros Unidos em Iguala.

Já destituído do cargo, Abarca foi acusado por membros de seu próprio partido, Revolução Democrática (PRD, de esquerda), de matar o líder agrícola Arturo Hernández Cardona, no ano passado.

Segundo as autoridades, não havia, na época, provas suficientes para agir contra Abarca. Na terça-feira passada, finalmente, o "casal imperial" foi detido em uma casa abandonada de um populoso bairro da Cidade do México.

- Por que os estudantes foram atacados?
A Procuradoria alega que Abarca ordenou o ataque por temer que os estudantes sabotassem o evento público de sua mulher, então presidente local de uma instituição pública de proteção à infância.

Os jovens já haviam participado de grandes protestos contra o prefeito pelo assassinato de Hernández Cardona.

O traficante Sidronio Casarrubias, que está preso, declarou que, na noite dos desaparecimentos, foi informado por seu homem de confiança em Iguala que os estudantes eram de um grupo criminoso rival. Casarrubias disse que, por isso, autorizou ações armadas "em defesa do território".

A Procuradoria afirma que não há qualquer evidência de que os jovens fizessem parte de um grupo criminoso.

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