Agência France-Presse
postado em 15/07/2014 15:45
Trípoli - Os combates pelo controle do aeroporto de Trípoli ameaçam mergulhar a Síria em uma nova guerra civil, e o governo, impotente, não descarta pedir ajuda de uma força internacional. O secretário de Estado americano, John Kerry, alertou nesta terça-feira (15/7) que a violência no país é "perigosa e deve parar". "Estamos trabalhando arduamente para encontrar uma coesão política", declarou Kerry, em coletiva de imprensa em Viena, na Áustria.O governo líbio anunciou na segunda-feira (14/7) que examinava a possibilidade de pedir ajuda a tropas internacionais para restabelecer a segurança no país. Na noite de segunda, o aeroporto da capital foi alvo de uma chuva de foguetes, que causou grandes estragos em suas instalações, danificando vários aviões. De acordo com um comunicado divulgado, 90% das aeronaves no aeroporto foram atingidas, além da torre de controle, de um centro de manutenção e do prédio da alfândega.
As hostilidades começaram no domingo, quando milícias islamitas atacaram o aeroporto para expulsar as brigadas de Zenten. Esse grupo controla vários locais ao sul da capital Trípoli. A ;Célula das Operações Revolucionárias da Líbia;, composta por milícias consideradas o braço armado da corrente radical islâmica no país, reivindicou os ataques. Os milicianos de Zenten são considerados o braço armado da corrente liberal e estão entre as brigadas mais disciplinadas e bem armadas da Líbia. Oficiosamente, são ligados ao Ministério da Defesa.
Milícias da cidade de Misrata, aliadas dos islamitas, também estão envolvidas nos confrontos. Uma luta de influência opõe Misrata e Zenten, cidades do oeste líbio que participaram ativamente da rebelião de 2011 contra o regime de Muammar Khadafi.
Influência das eleições
Alguns analistas acreditam que os enfrentamentos estão ligados aos resultado preliminares das eleições legislativas de 25 de junho, anunciados em 6 de julho. "Agora está claro que o ataque ao aeroporto tem uma relação direta com os resultados das eleições", considerou Othman Ben Sasi, ex-membro do Conselho Nacional de Transição (CNT), braço político da rebelião contra Khadafi.
"Estes combates são parte de uma disputa por influência", explicou à AFP. "Existe um grupo que perdeu as eleições e que tenta ganhar influência de outra maneira", acrescentou, referindo-se aos islamitas. Desde a queda de Khadafi, as milícias impõem sua lei no país, frente a debilidade das autoridades. Neste contexto, o governo indicou na noite de segunda que examinava "a possibilidade de fazer um apelo a forças internacionais para restabelecer a segurança sobre o território e ajudar o governo a impor sua autoridade".
De acordo com o governo, as forças teriam como missão "proteger os civis e as riquezas do Estado, evitar a anarquia e a instabilidade, e dar ao Estado a oportunidade de criar suas instituições, em particular o Exército e a Polícia". Paradoxalmente, o governo fez esse anúncio pouco depois da saída da missão da ONU na Líbia (UNSMIL), que retirou seus funcionários por questões de segurança.