Agência France-Presse
postado em 30/11/2013 17:13
Paris - Milhares de pessoas desfilaram contra o racismo neste sábado em diversas cidades da França durante manifestações organizadas por entidades sociais e sindicais, em reação aos ataques contra a ministra francesa da justiça, Christiane Taubira. De acordo com os organizadores, o principal ato, "Juntos contra o racismo", em Paris, reuniu 25.000 participantes.[SAIBAMAIS]"Já era tempo de tomar as ruas para mostrar um discurso forte, solidário, coletivo", disse a presidente da associação SOS Racismo, Cindy Leoni, que caminhava junto aos outros organizadores do ato. "O cortejo de hoje tem que ser um ponto de partida" antes "de outras formas de mobilização".
A ideia da passeata foi lançada por associações de franceses originários dos territórios, que sentiram-se diretamente ofendidos pelos insultos feitos a Taubira - reproduzidos em grande escala na internet e manchete de um jornal de extrema direita.
A ministra da Justiça, uma mulher negra e descendente de escravos, nascida na Guiana Francesa, foi comparada diversas vezes a um macaco.
O fundador do partido de extrema-direita Front National, Jean-Marie Le Pen, declarou no último 17 de novembro que Taubira não havia sido nomeada ministra "nem por seu patriotismo" nem por "seus talentos jurídicos", mas "porque se pensava que sua cor iria lhe servir como escudo".
Num clima pacífico, diversos antilhenses, franco-maçons e imigrantes ilegais desfilaram juntos em Paris. "Estamos aqui para combater o racismo", diziam os militantes sindicais.
"É preciso dizer chega"
Christiane Taubira criticou, no início de novembro, as reações mornas após ter sido insultada, o que suscitou - em resposta - diversas iniciativas anti-racistas em todo o país.
Centenas de organizações assinaram um abaixo-assinado para manifestar contra "um clima nauseabundo".
Representantes de sindicatos desfilaram lado a lado, "reunidos em torno de valores fundamentais". "Quando as pessoas dizem coisas horríveis, é preciso dizer chega", disse o sindicalista Laurent Berger.
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Diversos grupos políticos, entre eles os partidos Socialista e o partido de Esquerda, também participaram da marcha. A ministra George Pau-Langevin, única representante do governo na caminhada, disse ser "inimaginável", que ela não estivesse lá.
À edição deste sábado do jornal francês Le Monde, o socialista Julien Dray, um dos fundadores do SOS Racismo, disse acreditar que seu partido "não está à frente do combate contra as discriminações".
Manifestações foram organizadas neste sábado em mais de 80 cidades da França, incluindo as regiões ultra-marinas.
"O discurso da extrema direita voltou, um pouco mais fraco, diluído, difundido por artistas, políticos, e até mesmo com um tom de humor", afirmou Jean-François Mignard, da Liga pelos Direitos Humanos, ao participar da passeata em Toulouse.