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WikiLeaks: soldado dos EUA Bradley Manning é condenado a 35 anos de prisão

O jovem de 25 anos militar já havia reconhecido a entrega de 700 mil documentos confidenciais ao site WikiLeaks

Agência France-Presse
postado em 21/08/2013 11:45
Bradley Manning foi considerado culpado de várias acusações sob a Lei de EspionagemFort Mead - O soldado americano Bradley Manning, responsável pela divulgação de milhares de documentos confidenciais ao site WikiLeaks, foi condenado nesta quarta-feira (21/8) a 35 anos de prisão e terá baixa desonrosa do Exército. "Você é sentenciado a 35 anos e tem ordenada uma baixa desonrosa", afirmou a Manning a juíza militar, coronel Denise Lind.

Manning, de 25 anos, divulgou uma enorme quantidade de documentos governamentais confidenciais ao WikiLeaks, site dirigido por Julian Asange. Ele parecia pálido enquanto esperava o veredicto, comunicado por Lind em uma declaração de menos de dois minutos.

Um vídeo da sala do tribunal na base militar de Fort Meade, perto de Washington, foi cortado logo após a divulgação do veredicto. O soldado foi acusado de espionagem e de outros crimes no mês passado, depois de ter admitido anteriormente ser a fonte de centenas de milhares de relatórios sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque e de telegramas diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos.

A sentença é considerada especialmente importante num momento em que outro americano - o ex-consultor da inteligência Edward Snowden, asilado atualmente na Rússia - é requisitado pelos Estados Unidos por acusações de espionagem, depois de ter divulgado detalhes sobre as atividades de monitoramento de comunicações realizadas pela Agência de Segurança Nacional.

Os promotores militares pressionaram na segunda-feira por uma pena de prisão de 60 anos para Manning, argumentando que a decisão enviaria uma mensagem para as pessoas que apoiam o roubo de informações confidenciais. No entanto, o principal advogado de defesa, David Coombs, pediu clemência para seu cliente. Ele afirmou que Manning manifestou remorso, cooperou com o tribunal e merecia a chance de ter uma família e de caminhar livre um dia.



Coombs deve falar à imprensa às 13h30 locais (14h30 de Brasília) e definir os próximos passos no caso do soldado, que receberá um desconto de 1.293 dias em sua pena referente ao tempo que já cumpriu. O site WikiLeaks reagiu à sentença afirmando que é "uma vitória estratégica significativa", levando-se em conta as possíveis reduções da pena. "Vitória estratégica significativa no caso Bradley Manning. Bradley Manning pode pedir uma libertação em menos de nove anos", disse o WikiLeaks no Twitter.

Manning era um analista de inteligência júnior em uma base americana perto de Bagdá quando entregou os dados - cerca de 700 mil documentos - ao WikiLeaks. O soldado foi preso no Iraque em 2010 e está sob custódia militar desde então. Os documentos que ele revelou provocaram mal-estar entre os Estados Unidos e seus aliados, muitas vezes envolvidos nos relatórios. O vazamento mais famoso incluía um vídeo e arquivos de áudio, chamados de "Assassinato Colateral" pelo WikiLeaks, e mostrava imagens de dois helicópteros Apache americanos abrindo fogo e matando 12 pessoas em Bagdá, em 2007.

Visto como um herói por muitos, Manning trouxe à tona as ações polêmicas da política externa americana. Ele foi considerado culpado de 20 das 22 acusações que tinha contra si. No entanto, se livrou da acusação mais grave - "conluio com o inimigo", principalmente a Al-Qaeda. Mais de 100 mil pessoas já assinaram uma petição pedindo a nomeação de Manning para o Prêmio Nobel da Paz.

Ressaltando a gravidade do caso, o governo dos Estados Unidos o apresentou como um traidor que agiu de forma imprudente e poderia ter colocado o país em risco. Especialistas que testemunharam no julgamento de Manning ressaltaram que o soldado estava confuso sobre seu gênero e sexualidade e sob enorme estresse psicológico no momento em que cometeu os vazamentos. Manning também se desculpou. "Sinto muito que minhas ações tenham ferido as pessoas e ferido os Estados Unidos", disse a Lind durante uma audiência na semana passada.

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