O ataque foi praticado em um bairro do centro da capital libanesa e deixou no total oito mortos e 86 feridos, de acordo com um registro oficial.
A explosão ocorreu a apenas 200 metros da sede do partido cristão, o Phalange, contrário ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
O general Hassan era ligado a Saad Hariri, líder da oposição libanesa hostil ao regime de Damasco, e era considerado um dos principais candidatos para assumir o comando das FSI no final do ano.
A oposição libanesa pediu a renúncia do governo, no qual Hezbollah xiita tem um papel predominante, após o assassinato do chefe da inteligência da polícia libanesa.
"Pedimos a este governo que saia e a seu chefe que renuncie imediatamente, já que a permanência deste governo oferece proteção e cobertura aos criminosos por este complô", afirmou Ahmad Hariri, um porta-voz da oposição, após uma reunião convocada com urgência.
Saad Hariri acusou o presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo assassinato de Hassan.
"Acusamos Bashar al-Assad de ter assassinado Wissam al-Hassan, garantidor da segurança dos libaneses", disse o ex-primeiro-ministro a uma rede de notícias libanesa.
"Acuso abertamente Bashar al-Assad e seu regime de terem matado Wissam al-Hassan", afirmou à AFP o líder druso Walid Joumblatt.
Os serviços de inteligência das FSI desempenharam um papel crucial na prisão, em 9 de agosto, do ex-ministro libanês Michel Samaha, partidário do regime sírio, como parte de um caso de explosivos apreendidos que deviam ser armazenados no norte do Líbano.
Ele sabia que era visado
Samir Geagea, um dos líderes opositores, afirmou que Hassan havia acionado "medidas de segurança excepcionais" para se proteger de eventuais ataques.
"Ele tinha levado sua esposa e seus filhos para Paris porque sabia que era visado", acrescentou.
Os serviços de inteligência das FSI também tiveram um papel fundamental na busca dos responsáveis pelos atentados e assassinatos que tiveram como alvos personalidades políticas entre 2005 e 2008 e pelos quais Damasco foi acusado, principalmente pela morte do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai de Saad, em 2005.
A classe política, dividida entre partidários e adversários do regime sírio, condenou de forma unânime o atentado, mas evitou acusações.
[SAIBAMAIS]"O regime sírio não está alheio a este tipo de explosões, é um atentado político por excelência", afirmou o deputado Nadim Gemayel, membro da oposição libanesa hostil a Damasco.
A potente explosão desta sexta, a primeira deste tipo na região de Beirute desde 2008, reaviva a preocupação por um contágio do conflito sírio, que divide os libaneses.
Dois edifícios ficaram devastados pela explosão em uma rua estreita perto da praça Sassine, em Ashrafieh.
"Ouvimos uma forte explosão. A terra tremeu sob os nossos pés", disse Roland, de 19 anos, em meio a uma multidão de membros do exército, socorristas e curiosos.
Nancy, de 45 anos, chorava enquanto refletia a respeito de como esteve tão perto da morte.
"Eu estava chegando em casa quando vi meu prédio em chamas. Eu teria morrido se estivesse em casa".
Parentes de funcionários do banco BEMO, que teve suas janelas quebradas, se dirigiram para o local para procurar por seus entes queridos.
Um socorrista, identificado como Rahmeh, afirmou: "Isto me lembra os ataques durante a guerra civil (de 1975-1990) e de depois da guerra".
Soldados e o ministro do Interior, Marwan Sharbel, também foram ao local do primeiro atentado com carro-bomba em Beirute desde o dia 25 de agosto de 2008, quando o principal investigador antiterrorismo do país foi morto com outras três pessoas.
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Onda de condenações
Logo após o anúncio de sua morte, nas regiões de maioria sunita, homens, incluindo alguns armados, queimaram pneus e cortaram estradas, principalmente entre Trípoli, maior cidade do norte, e a fronteira síria, assim como no bairro de Corniche el-Mazraa, em Beirute, constataram jornalistas da AFP.
O maior atentado com carro-bomba desde a guerra civil libanesa, de 1975 a 1990, ocorreu no dia 14 de fevereiro de 2005, quando uma grande explosão matou o ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri e outras 22 pessoas.
Na ocasião, o Líbano estava ocupado por tropas sírias, que entraram no país durante a guerra civil, e sua política era dominada por Damasco.
Hariri foi originalmente um simpatizante do regime sírio, mas se posicionou contra o governo antes de ser assassinado.
Em todo o mundo, o atentado desta sexta suscitou uma onda de condenações. Os Estados Unidos denunciaram um atentado "terrorista".
"Nada pode justificar o recurso ao assassinato político", indicou em um comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano (NSC), Tommy Vietor.
O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente o atentado terrorista" e exortou os libaneses a "insistirem com a unidade nacional".
O Vaticano denunciou uma "absurda violência mortal".
O presidente francês, François Hollande, pediu que as autoridades libanesas protejam seu país de "qualquer tentativa de desestabilização, seja se onde vierem".