Fábio Fabrini
postado em 04/02/2012 17:50
CIDADE DO VATICANO - O Vaticano, que tem sido sacudido nos últimos dias por divisões internas e críticas de má gestão, em contradição com o desejo do papa Bento XVI de lutar contra a corrupção, desmentiu com veemência estas acusações neste sábado."Estas alegações são fruto de julgamentos errôneos ou baseados em temores sem fundamento", declarou o presidente do Governatorato do Vaticano, o cardeal Giovanni Lajolo, em um comunicado.
A imprensa italiana publicou nos últimos dias cartas do ex-secretário-geral do Governatorato (Estado Vaticano), Carlo Maria Vigano, designado em outubro passado embaixador da Santa Sé em Washington.
Nestas missivas, enviadas ao Papa e ao secretário de Estado (número dois do Vaticano), Tarcisio Bertone, no ano passado, o líder religioso denunciava casos de má gestão no âmbito da instituição e qualificava sua transferência aos Estados Unidos como uma penalização em um momento em que tentava "sanar numerosas situações de corrupção e desvio de verbas".
Lajolo expressou neste sábado sua "profunda amargura" com a "publicação abusiva" destas cartas. "As afirmações contidas dão a impressão de que o Governatorato do Vaticano, ao invés de ser um instrumento de governabilidade responsável, é uma entidade não confiável, presa a forças obscuras", destacou Lajolo, criticando "um certo tipo de jornalismo não profissional".
Na semana passada, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, já tinha lamentado a publicação destes documentos confidenciais e acusado a imprensa italiana de "desinformação". Também negou qualquer punição a Vigano, qualificando sua transferência como uma "prova de inquestionável estima e confiança do Papa com sua pessoa".
Vigano denunciou especialmente uma operação financeira frustrada que provocou um prejuízo de 2,5 milhões de dólares. Também provocou cortes drásticos no orçamento, reduzindo por exemplo em 200 mil euros o custo do tradicional presépio de Natal, cujo custo em 2009 chegou a 550.000 euros.
O saneamento das contas, determinado por Vigano, permitiu ao Governatorato passar de um déficit de 8 milhões de euros em 2009 para um lucro de 34,4 milhões de euros um ano depois.