postado em 04/11/2013 09:40
Se alguns setores da economia brasileira patinam e o Produto Interno Bruto (PIB) nacional apresenta crescimento tímido de 0,9% no último comparativo anual, a área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) vai muito bem, obrigado. Com expansão de 10,8%, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o principal problema do setor é encontrar mão de obra. Estudo do Observatório Softex, publicado em 2012, prevê uma oferta de vagas superior a 1,5 milhão para 2020, com ociosidade em aproximadamente 300 mil postos de trabalho. Para Virgínia Duarte, porta-voz do Observatório Softex, as estatísticas ressaltam a necessidade de diálogos voltados para o desenvolvimento sustentável do setor. ;O forte impacto de mercado que a área de TIC tem gerado, em paralelo à ausência de profissionais para ocupar esses cargos, demonstra a grande necessidade de debates que estimulem e consolidem a área. Se é algo bom para o país, então, esse crescimento deve ser motivo de mais investimentos;, defende.
Nesse sentido, Virgínia elenca o ensino técnico como um considerável catalisador no processo de desenvolvimento do ramo. ;Um ensino técnico de qualidade, por exemplo, pode gerar impactos importantes no mercado de trabalho. Além de fornecer profissionais capacitados de maneira mais ágil, a modalidade, muitas vezes, serve como um preparatório para o ensino superior, fazendo com que os alunos cheguem à universidade com uma bagagem maior;, explica. Outro benefício da formação técnica, de acordo com o relatório divulgado pela instituição, é o preenchimento de postos básicos de operação que, em muitos casos, são supridos por profissionais de nível superior, o que eleva os custos de contratação.
Reforço a caminho
Em resposta à alta demanda de mão de obra, o Ministério da Educação (MEC) tem reforçado o número de vagas nos cursos técnicos da área de informática. Segundo o secretário Marco Antonio de Oliveira, da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do órgão, a pasta tem dialogado constantemente com as comunidades e o setor privado, a fim de identificar necessidades de expansão. ;As vagas são criadas de acordo com o que é sinalizado pela sociedade e pelas empresas. Temos parceiros importantes, como o Sistema S e a Brasscom. Percebemos que os cursos da área de TI estão entre os mais procurados, e nosso intuito é corresponder ao interesse;, detalha Marco Antonio. Dados do MEC mostram que, entre 2012 e 2013, o número de matrículas na rede técnica, financiadas pelo governo federal, ultrapassou 200 mil nos cursos ligados a informática.
Darlan Batista, 20 anos, está incluído nessas estatísticas. Ele é aluno do 2; semestre do curso técnico em informática com ênfase em desenvolvimento de sistemas, do Instituto Federal Brasília (IFB). O jovem, que concluiu o ensino médio há pouco mais de dois anos, conta que o curso profissionalizante trouxe novas ideias de futuro. ;Terminei o colégio e pensava em cursar direito ou administração, mas quando comecei o curso técnico em informática descobri uma nova afinidade. Hoje, estou convicto do que quero e sei que minha área tem boas oportunidades a oferecer;, conta o estudante. Darlan, que conseguiu um estágio já na primeira metade do curso, avalia positivamente as condições do mercado de TIC. ;É uma área muito abrangente, com diversas opções de atuação. Tanto no técnico quanto no superior, a absorção de novos profissionais é bem alta;, destaca.
Comprovando as impressões de Darlan, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sinalizam que o índice de empregabilidade no setor fica próximo de 90%. ;Só fica desempregado quem quer;, afirma Letícia Gomes, 19 anos, também aluna do curso técnico em desenvolvimento de sistemas. De acordo com a futura técnica, o desafio do setor é a necessidade constante de qualificação. ;A área da informática vive de inovações. Fazer apenas um curso não adianta; o profissional precisa estar atento às novidades e se renovar sempre que possível;, pontua Letícia.
Falta qualificação
Como sétimo maior mercado de TIC do mundo, o Brasil está às voltas com um setor em crescimento e com necessidades cada vez mais complexas. Ainda que a formação técnica exerça um papel importante no suprimento de pessoal, as particularidades da área exigem profissionais com alto índice de instrução. O gargalo criado, que passa pela ausência de bacharéis e especialistas até a falta de mais programas de mestrado com foco em profissionalização, torna o trabalhador qualificado peça rara e, consequentemente, motivo de disputa.
Segundo levantamento feito pela Brasscom, o salário inicial de um analista no setor de TIC em Brasília pode chegar a R$ 4 mil. Trata-se de uma realidade replicada nas demais regiões do país, o que torna a área cada vez mais interessante. ;É inegável a sobra de vagas e a supervalorização do trabalhador. Porém, em um ciclo lógico, as boas oportunidades de hoje tornam o segmento mais visado e, consequentemente, gerarão mais profissionais daqui para o futuro;, explica o diretor de Recurso Humanos e Educação da Brasscom, Sergio Sgobbi.
Quando o assunto é Distrito Federal, quem é do ramo afirma que a situação é ainda mais acentuada. ;Em Brasília, além da ausência natural de mão de obra, o problema é agravado pela cultura concurseira da cidade. Muitos recém-graduados mal se arriscam no mercado e já procuram o serviço público;, diz Rafael Mezzomo, desenvolvedor de software e criador da startup Ugla Brasília. Porém, o jovem conta que as oportunidades da área são tantas que até mesmo o setor privado consegue transmitir estabilidade. ;É claro que existem algumas diferenças: numa empresa pública, você ganha e é promovido de acordo com aquilo que produz. Mas, de toda forma, a ameaça de ficar desempregado é muito baixa. Eu me sinto bastante seguro em minha profissão;, explica Rafael, que aposta em uma mudança de mentalidade como um dos principais caminhos para alavancar o segmento no DF.
Onde estudar
Confira a lista de instituições que
oferecem cursos na área
Públicas
Escola Técnica de Ceilândia
Site: www.cepceilandia.df.gov.br
Escola Técnica de Brasília (ETB)
Site: www.etb.com.br
Instituto Federal Brasília (IFB)
Site: www.ifb.edu.br
Universidade de Brasília (UnB)
Site: www.unb.br/estude_na_unb
Sistema S
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)
Site: www.senacdf.com.br
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
Site: www.sistemafibra.org.br/senai
Particulares*
Centro Universitário Iesb
Site: www.iesb.br
Centro Universitário de Brasília (UniCeub)
Site: www.uniceub.br
Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
Site: www.udf.edu.br
Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan)
Site: www.uniplandf.edu.br
Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (Faciplac)
Site: www.faciplac.edu.br
Faculdades Integradas da Upis
Site: www.upis.br
Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas do Distrito Federal (Facitec)
Site: www.facitec.br
Faculdade Jesus Maria José (Fajesu)
Site: www.fajesu.edu.br
Faculdade Projeção
Site: www.faculdadeprojecao.edu.br
Faculdade Santa Terezinha (Fast)
Site: www.unianhanguera.edu.br
Faculdade Evangélica (FE)
Site: www.fe.edu.br
Faculdade Michelangelo
Site: www.jk.edu.br
Universidade Católica de Brasília (UCB)
Site: www.ucb.br
Universidade Paulista (Unip)
Site: www.unip.br
*Instituições cadastradas no portal emec.mec.gov.br com nota igual ou superior a 3 no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2011
Saiba mais
Conheça as três áreas de atuação mais requisitadas no setor, de acordo com especialistas
; Administrador de banco de dados: cuida da informação da empresa e de sua estruturação dentro de um banco de dados.
; Gerente de projetos: cuida para que os projetos sejam entregues e para que as pessoas envolvidas tenham conhecimento suficiente para colocá-los em andamento, ou seja, gerencia os processos e coordena equipes.
; Analista de sistemas/desenvolvimento: profissional técnico que cria aplicativos. Precisa entender a necessidade do cliente e desenvolver um produto para suprir essa demanda.