Trabalho e Formacao

Adesão ao Enem impõe desafio a alunos e à UnB

Com a mudança, haverá três formas de ingresso à Universidade de Brasília. Além do PAS e do Exame Nacional do Ensino Médio, será mantido o vestibular do meio do ano. O sistema de cotas continuará a valer em todos os certames

postado em 15/04/2013 13:33

As amigas Alessandra (E),Waira e Raquel estudam para conquistar uma vaga na UnB: dúvidas sobre o futuro A substituição do primeiro vestibular do ano na Universidade de Brasília (UnB) pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mudará a postura dos concorrentes a uma vaga na instituição de ensino superior. A decisão, tomada pela maioria dos representantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) na noite da última quinta-feira, provocou polêmica. Na opinião de especialistas ouvidos pelo Correio, a UnB ganha com a democratização do ensino. Apesar de estabelecerem ressalvas, os educadores não acreditam na queda do nível de conhecimento exigido para o ingresso. Os estudantes,no entanto, estão confusos quanto às mudanças. Cento e uma universidades em todo o país adotam o sistema alternativo. Os interessados em entrar na instituição brasiliense em 2014 precisam se inscrever para a edição deste ano do Enem, cujo edital ainda não foi divulgado. Agora, a UnB conta com três formas de acesso: o próprio Enem, o Programa de Avaliação Seriada (PAS) e o vestibular, mantido apenas o do meio do ano. As cotas para negros continuam nos processos seletivos da instituição. Atualmente, 20% das oportunidades da UnB são destinadas a negros, pardos e indígenas. A administração central estudará os detalhes da distribuição desses espaços com a nova forma de acesso e publicá-los em forma de edital. No caso das cotas sociais, as três maneiras de ingresso passam a ter 25% de reserva para os estudantes de escolas públicas. A adesão foi aprovada por 32 votos a 6 pelo Cepe. Como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC) e informatizado, os candidatos do Enem podem disputar todas as vagas das instituições públicas conveniadas. O programa seleciona os concorrentes de acordo com a nota obtida no Enem. A forma de avaliação e o peso para cada matéria são definidos segundo os parâmetros estabelecidos por cada universidade. Especialista em educação, Remi Castioni comemorou a novidade. Ele participou do Cepe e votou pela aprovação da proposta. ;A competição vai continuar acirrada, principalmente nas carreiras mais disputadas. O vestibular, como vinha sendo feito, além de trazer um custo muito alto para a universidade, não era eficiente no preenchimento das vagas;, argumenta o professor. Perfil Um dos resultados da adesão é a facilidade de acesso de pessoas de outras unidades da Federação à UnB. Para recebê-los, a estrutura da instituição também precisa aumentar. Ainda assim, o decano de Ensino de Graduação,Mauro Luiz Rabelo, não aposta em um crescimento significativo de estudantes de outras partes do país. ;Hoje, temos, em média, 10% do quadro discente vindos de outras regiões. Até pela experiências de instituições que já aderiram ao Enem, talvez aumente, mas pouco;,explica (leia entrevista). A expectativa é de que os recursos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) dobrem, ou seja, passem dos atuais R$ 13 milhões para R$ 26 milhões. Para alguns estudantes do DF, essa possibilidade significa mais concorrência, mas não necessariamente maior dificuldade de aprovação. ;Antes, as pessoas de outras regiões não tentavam a UnB e se assustavam um pouco com o formato da prova;, avalia Alessandra Cristina Rodrigues. A jovem de 18 anos fará o quinto vestibular para odontologia. Para ela, pessoas com experiência nas provas podem ser beneficiadas. A boliviana Waira Saravia, 19 anos, quer estudar biologia na UnB. ;O vestibular daqui é único. A prova é muito inteligente e boa de fazer. Ela mistura os conteúdos e você precisa saber cultura geral para se sair bem. Quanto ao Enem, eu não conheço nada ainda;, reconhece. Na opinião de Raquel Dias,19, os próximos calouros da UnB terão perfil variado. ;A cobrança do vestibular é muito maior. A universidade terá de lidar com essa diferença;, prevê. Ela deseja cursar arquitetura e não sabe se o Enem manterá as provas de habilidade específica. Com a mudança, haverá três formas de ingresso à Universidade de Brasília. Além do PAS e do Exame Nacional do Ensino Médio, será mantido o vestibular do meio do ano. O sistema de cotas continuará a valer em todos os certames

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Confira as avaliações sobre a medida, segundo especialistas em educação e estudantes ouvidos pelo Correio: Prós ; Democratização da educação ; Investimentos da contrapartida do MEC na universidade ; Possibilidade para o estudante concorrer em diferentes universidades ; Exigência de conhecimentos menos específicos Contras ; Substituir o vestibular consolidado da UnB por uma prova marcada por escândalos ; Aprovação de alunos com diferentes níveis de conhecimento ; Aumento da concorrência com a possibilidade de estudantes de todo o país participarem ; Dificuldade dos alunos se prepararem para provas muito diferentes Mauro Luiz Rabelo, decano de Ensino de Graduação (DEG) Há quanto tempo a universidade discute essa mudança? A proposta foi encaminhada em outubro do ano passado para a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), por uma comissão que fez estudos sobre formas de ingresso da universidade. Naquele momento, o plano foi encaminhado às unidades acadêmicas para que fizessem avaliação. Acolhemos as opiniões, sistematizamos o material e isso deu origem à decisão aprovada na quinta-feira. O que muda com a adesão ao Enem? As mudanças aprovadas democratizam e ampliam o acesso à universidade, fortalecem as avaliações processuais defendidas por educadores e reduzem o número de provas realizadas por alunos que cursam o terceiro ano do ensino médio. A extinção do vestibular do início do ano vai diminuir a quantidade excessiva de testes. A prova do meio do ano continua como está. A adesão vai refletir na reserva de vagas nos processos seletivos instituídas anteriormente? As instituições de ensino superior têm autonomia para implantar as políticas afirmativas que considerarem importantes. A partir do ano que vem, teremos 25% de cotas sociais, como determina a legislação. Mas os editais que estão por vir vão fazer o detalhamento da distribuição das vagas. Ainda estamos estudando tudo isso, mas esperamos divulgar o primeiro documento ainda em abril.

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