postado em 21/03/2013 18:24
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, defende a punição de candidatos que apresentarem alguma forma de deboche nas redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em entrevista ao Correio, Costa afirmou que não houve recomendação para que os corretores fizessem vistas grossas durante a correção das redações do exame. "Não acredito que isso tenha ocorido, mas se alguém fez isso será severamente punido", afirmou.Costa destacou que o edital do Enem não prevê nota zero para o candidato que inclua no texto apenas um trecho sobre tema diferente do proposto no enunciado. Essa penalização só ocorre em caso de fuga completa ao tema, de uso de outro tipo textual (como um poema) ou quando o candidato escreve menos de sete linhas, por exemplo. "O que estou propondo, pela seriedade do exame e pelo respeito aos participantes, que estão passando por um momento tão importante em suas vidas, é que, quando for claramente mostrado que é deboche, seja dada nota zero", disse o presidente, comentando o caso das redações que trouxeram uma receita de miojo e hino do Palmeiras no meio do texto.
A intenção do presidente do Inep é de que esse item seja acrescentado no edital do próximo exame. De acordo com ele, na última edição do Enem, foram contabilizadas cerca de 300 redações que continham algum tipo de inserção indevida.
Punição
No mês passado, o estudante de Fernando Maioto publicou em sua página pessoal da rede social Facebook a versão digital da redação que escreveu no Enem. Ele incluiu, em meio aos argumentos sobre migração, o hino do Palmeiras. Ele recebeu a nota 500, metade da nota máxima. Acima da publicação, debochou: "O melhor do Enem é fazer uma redação com o hino do Palmeiras, e ainda tirar nota... UFA que eu já passei por essa fase. E desejo toda a sorte para quem está passando por ela. O Enem só me faz rir..."
O presidente do Inep diz que a comissão técnica discutirá critérios para discernir inserções inadequadas de divagações devido ao nervosismo do candidato "sério". Nesses casos, a redação não seria zerada.
Mudança no edital
Além da punição, as discussões para a elaboração do próximo edital devem levar em consideração os erros de português. Atualmente, uma redação nota mil, a nota máxima, deve conter "um excelente texto, mesmo que apresente alguns desvios em cada competência avaliada", informa, em nota, o Ministério da Educação (MEC). A tolerância, segundo a pasta, deve-se à consideração de que o participante é um egresso do ensino médio, "ainda em processo de letramento na transição para o nível superior".
Luiz Cláudio Costa reforçou o fato de que o edital não prevê punição para erros pontuais de português. Alguns textos que tiraram nota mil continham erros de grafia como "enchergar; e ;rasoavel". "O que nós não abrimos mão é de valorizar a norma culta, mas como um todo é possível perceber que o estudante tem domínio da norma culta, não apresenta erros recorrentes. As redações são boas e mostram que eles têm esse domínio", afirma. Para ele, as críticas se devem ao fato de que algumas pessoas consideram uma redação nota mil aquela que não possui erro algum. De acordo com ele, esse também será um dos pontos discutidos no desenvolvimento do próximo edital.
Costa lembrou, no entanto, que o universo de redações do Enem é muito grande - 4,1 milhões - e só foram registradas seis redações com problemas, entre inserções indevidas e erros de grafia. Entre todas elas, 2.080 receberam a nota máxima no exame.
Com informações da Agência Brasil