José Carlos Vieira
postado em 27/03/2017 05:55
O sábado está abafado, devido à pressão atmosférica e à ressaca depois da cervejada de sexta-feira com os amigos. Procuro uma vaga perto da feira. Tudo está lotado... Também, fui sair de casa às 10h, quem mandou? Sábado é dia de movimento... Ufa, estaciono o carro em frente às Casas Bahia.
Um cheiro de pequi invade o ar, pequi bonito, da Bahia! ; faço parte da humanidade que gosta de pequi. Sigo a pé, desviando dos carros rumo à feira, mais precisamente, à barraca Rei do Mocotó, do meu amigo Francisco, roqueiro de peso, e um dos gourmets nordestinos da área. Mas que ressaca...
; Oi, o Francisco está?
; Não, foi à missa.
; Vai demorar?
; Olha, a missa é ali na frente, você pode procurá-lo.
Eita! Uma missa na feira? É o que estou precisando...
O padre é um jovem rapaz de barba, calmo, com gestos suaves e palavras marcantes.
Taí, gostei desse padre.
Sinalizei para o Chico, meu fornecedor mensal de buchada e consultor para assuntos ligados à Ceilândia, há uns cinco anos.
Fotografei a missa... Curti as pessoas concentradas na eucaristia. Fibra e fé...
A uma pessoa do lado, comentei baixinho.
; Esse padre se parece com o rapper Japão.
; É irmão dele, disse o rapaz.
; Eita! Que coincidência. Japão, um dos poetas que admiro pela militância e pelos versos, é irmão do primeiro padre nascido em Ceilândia!
A missa acabou, tirei uma selfie com o padre Nei Nelson, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, e fui entrevistar o Chico sobre a cena cultural de Ceilândia (que rendeu...).
Tomei um caldo de mocotó quentíssimo, levei um kit buchada pra viagem e conversei com muita gente boa... A reportagem ficou pronta!
E a ressaca?
Ela acabou depois da missa...