Os brasileiros gastaram US$ 1,6 bilhão no exterior, em outubro, conforme dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). O valor cresceu 15,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nos 10 primeiros meses do ano, as despesas com viagens internacionais chegaram a US$ 15,7 bilhões, uma expansão de 32,6% na comparação com igual período de 2016.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que o crescimento da renda e da massa salarial real, além da queda da inflação, tem favorecido os brasileiros interessados em viajar para outros países. Ele destacou, ainda, que a redução do preço do dólar ; que chegou a R$ 4 no ano passado e ontem fechou a R$ 3,22 para a venda ; e a retomada das contratações no mercado de trabalho contribuem para que os turistas gastem mais em viagens ao exterior. ;Tudo isso resulta em uma retomada dos gastos das famílias;, comentou.
Apesar do crescimento dessas despesas, o deficit em transações correntes do país foi de apenas US$ 343 milhões em outubro, o menor resultado para o mês desde 2007. A autoridade monetária estimava um rombo de US$ 1 bilhão. De janeiro a outubro, o resultado é negativo em US$ 3,3 bilhões e a projeção do BC, que deve ser revisada, é de saldo negativo de US$ 16 bilhões em 2017. Pelas previsões oficiais, em novembro, as contas externas devem ficar no vermelho em US$ 1,5 bilhão.
Investimentos
O deficit nas transações correntes, entretanto, tem sido coberto com folga pela entrada de investimento direto no país (IDP). Somente em outubro, US$ 8,2 bilhões ingressaram na economia brasileira, bem mais que os US$ 7,7 bilhões previstos pela autoridade monetária. No acumulado do ano, o IDP soma R$ 60 bilhões.Nas contas da economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, o rombo nas contas externas não ultrapassará US$ 9 bilhões em 2017, o equivalente a 0,41% do Produto Interno Bruto (PIB), o que ajudará a manter comportadas as cotações do dólar.
;Esse resultado será impulsionado, principalmente, pelo bom desempenho da balança comercial, que deverá alcançar um superavit recorde de US$ 68 bilhões no ano. Patamares baixos de deficit implicam em uma menor pressão do lado real da economia sobre a taxa de câmbio;, comentou Thaís.