Antonio Temóteo
postado em 16/12/2015 12:38
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou o Brasil e a nota de crédito do país caiu de BBB- para BB%2b. Um novo rebaixamento pode vir nos próximos meses, porque a agência colocou o rating brasileiro em perspectiva negativa. Com isso, o Brasil perdeu o selo de bom pagador para mais uma agência. A Standard & Poor;s (S) já havia tirado o grau de investimento do país.Leia mais notícias em Economia
A perda do grau de investimento vem um dia depois de a presidente Dilma Rousseff encaminhar ao Congresso mensagem propondo a redução da meta de superavit primário de 2016 de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,5%. O resultado, porém, pode ser zerado, caso sejam abatidas despesas de até R$ 30,5 bilhões com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo.
A redução da meta fiscal foi uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que pode deixar o cargo nos próximos dias. Ele já avisou ao Palácio do Planalto que está fora. A presidente Dilma pediu a ele, no entanto, que permaneça mais um tempo à frente da Fazenda até que o novo ministro seja escolhido. A equipe de Levy também já avisou que deixará o ministério.
Segundo a Fitch, o rebaixamento do Brasil reflete o aprofundamento da recessão da economia, os problemas orçamentários, com as consecutivas reduções da meta fiscal, e o aumento das incertezas políticas, que podem minar ainda mais a capacidade do governo de levar adiante medidas para estabilizar a dívida pública, que pode fechar o ano em quase 70% do PIB.
No relatório em que tirou o selo de bom pagador do país, a Fitch destaca ainda que o clima de incerteza política prevalecerá no país, prejudicando a economia e dificultando o ajuste fiscal. A Operação Lava-Jato pegou em cheio os dois principais partidos da base aliada, o PT e o PMDB. A sustentação do governo Dilma no Congresso está se esfacelando. O impeachment da presidente ficou mais próximo.
"A deterioração do quadro doméstico está aumentando os desafios para as autoridades a tomarem medidas políticas correctivas e oportunas para regatar a confiança e melhorar as perspectivas de crescimento, a consolidação orçamentária e a estabilização de dívida", assinala a Fitch. Infelizmente, não há nada no horizonte que mostre reversão do pessimismo.