postado em 30/09/2012 08:03
O dia nem amanheceu e a buzina já está tocando na porta da pedagoga Denise Arruda, 29 anos, que está desempregada há quase seis meses. Do lado de fora, o carro com a logomarca do Sindicato dos Bancários de Brasília está na terceira parada, à cata dos contratados que vão dar vida ao movimento grevista iniciado em 18 de setembro. Com a promessa de receber R$ 40 por dia, mais alimentação, ela está comprometida a seguir à risca a missão que lhe foi imposta: fazer muito barulho nos piquetes programados em frente a agências bancárias para evitar a entrada de trabalhadores. Se for necessário, deve partir até para o uso da força. Não poderia perder aquele ganha-pão. %u201CSer grevista de aluguel até que é emocionante. Vou defender o direito a aumento de salários. Os bancos estão cheios de dinheiro. Podem repartir um pouquinho com seus funcionários%u201D, diz, sob a condição de usar um pseudônimo.Denise chegou ao sindicato por meio de uma conhecida que trabalha na entidade. %u201CEla me disse que estava desesperada por piqueteiros, que a grana era legal, que ia ser divertido%u201D, conta. De início, receberia R$ 30 por dia. %u201CMas como sou amiga, ficou acertado que ganharia um pouco mais, levaria o valor integral da diária%u201D, acrescenta. Essa diferenciação de preços é praxe. Ela diz que os funcionários do Sindicato dos Bancários encarregados de arregimentar o exército de grevistas de aluguel costumam ficar com uma parte do dinheiro da contratação.