Economia

Ameaça de redução da nota europeus agrava crise apesar de acordo fiscal

postado em 06/12/2011 08:04

Paris e Nova York ; No mesmo dia em que França e Alemanha anunciaram um acordo para impor maior disciplina fiscal às nações da Zona do Euro ; providência que tenderia a abrir uma perspectiva de solução para a crise de dívida que assola a região ; uma nova ameaça foi lançada sobre a já combalida economia europeia. A agência de classificação de risco Standard & Poor;s (S) colocou em perspectiva negativa os títulos emitidos por nada menos do que 15 países dos 17 países do bloco, incluindo os bônus franceses e alemães, detentores até agora da classificação máxima ;AAA; no ranking. A decisão significa que a dívida desses países pode ser rebaixada nos próximos 90 dias, levando os governos a ter que pagar juros mais altos para se refinanciar no mercado.

A S alertou que pode reduzir em um nível as notas de Alemanha, a economia mais forte do bloco, Áustria, Bélgica, Finlândia, Holanda e Luxemburgo. Para os demais países, incluindo a França, o corte pode ser de dois níveis. Em agosto, a S surpreendeu o mundo ao retirar o chamado ;triplo A; dos Estados Unidos, decisão que precipitou os mercados de títulos e de ações ao redor do planeta em um período de forte turbulência. Os países advertidos ontem incluem alguns dos que formam uma espécie de elite da Zona do Euro, por apresentarem melhores fundamentos econômicos, com dívidas e deficits fiscais mais comportados. Seu rebaixamento, portanto, pode lançar todo o bloco em um novo e imprevisível clima de incerteza.

Como só foi divulgada depois do fechamento dos mercados, a noticia não alterou o os indicadores dos negócios, que refletiram de forma positiva o resultado do encontro entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Reunidos em Paris, os líderes das duas maiores economias da Zona do Euro concordaram em patrocinar uma série de reformas para impor regras orçamentárias mais rígidas aos países que adotam a moeda comum e alterar o tratado que criou a União Europeia (UE) para possibilitar uma solução mais rápida para a crise.

Punições
A proposta inclui a aplicação de penalidades automáticas para governos que mantiverem deficits acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e endividamento elevado, além do lançamento de um fundo de resgate permanente para países em dificuldades. ;O que queremos é dizer ao mundo que, na Europa, a regra é pagarmos nossas dívidas, reduzir nossos deficits, restaurar o crescimento;, disse Sarkozy, ao lado de Merkel, após duas horas de negociações. ;Esse pacote mostra que estamos absolutamente determinados a manter o euro como uma moeda estável e um importante fator a contribuir para a estabilidade europeia;, acrescentou a chanceler alemã.

O plano deverá ser encaminhado aos órgãos diretivos europeus até amanhã, a tempo de ser avaliado na reunião de cúpula de chefes de Estado do continente marcada para a próxima sexta-feira. Sarkozy e Merkel afirmaram que estão determinados a aprovar mudanças no tratado da UE, mesmo com objeções de alguns membros. Se países como a Grã-Bretanha, que não aderiu ao euro, bloquearem as reformas para todos os 27 integrantes do tratado, explicaram, um acordo com as regras de austeridade poderia ser fechado somente pelos 17 países da união monetária.

Com a expectativa de que os líderes europeus chegarão a um plano verossímil para tirar a região da crise, as ações europeias atingiram o nível mais alto em cinco semanas. Merkel e Sarkozy já concordavam com a necessidade de um sistema para impor disciplina fiscal na região ; as divergências, que continuam, dizem respeito a dar liberdade ao Banco Central Europeu (BCE) para conceder empréstimos a países em dificuldades e à emissão conjunta de títulos da dívida, os chamados eurobônus, ambas sugestões rejeitadas pela líder alemã.


Temor de recessão
A Standard & Poor;s justificou a decisão de colocar em viés de baixa o rating de praticamente toda Zona do Euro, observando que, nas últimas semanas, persistiram as discordâncias entre os dirigentes políticos da região sobre as maneiras de enfrentar a crise. Além disso, as condições de crédito no bloco pioraram, os níveis de endividamento dos governos e das famílias continuam altos e o risco de uma recessão está ficando cada vez maior.

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