postado em 01/02/2018 07:30
Durante décadas, o poeta e diplomata Abhay K. leu dezenas de antologias da poesia indiana. Ele tinha uma mira encontrar poemas tão belos que pudessem mudar a vida das pessoas. Abhay percorreu 3 mil anos de cultura. A pesquisa resultou na antologia 100 Grandes Poemas da Índia, publicada em edição especial da revista de tradução da USP, a ser lançada hoje, às 19h, no Beirute da Asa Sul.
Pela primeira vez, foram traduzidos para a língua portuguesa poemas de 28 línguas oficiais da Índia. Foi um trabalho, simultaneamente, árduo e prazeroso. O erotismo, o amor, o êxtase, a compaixão, as aflições, a espiritualidade, a beleza e o sentido de transcendência que impregnam a alma indiana estão no livro. ;A espiritualidade é característica da poesia indiana e é evidente em temas como a imortalidade da alma, a natureza cíclica do tempo, o amor devocional, a unicidade do universo, o mundo como família, as relações cotidianas;, comenta Abhay.
As 28 línguas oficiais da Índia são representativas de culturas muito diferentes. Têm raízes europeias ou estão enraizadas em formas tradicionais da Índia. É uma produção que vai dos Vedas até Tagore. Os temas são filosofia, erotismo, amor, questões políticas e sociais, problemas que atingem a Índia como um todo. ;Os 100 poemas de 28 línguas oficiais da Índia escritas ao longo de 3 mil anos transmitem a diversidade de cultura e línguas na Índia, bem como tradições literárias antigas em cada uma dessas línguas;, enfatiza Abhay. ;Não se pode encontrar essa diversidade em qualquer outro lugar do mundo;.
Espiritualidade milenar
Entre os recentes livros de poesia publicados por Abhay K. estão The Seduction of Delhi (Bloomsbury, India) e The Eight-Eyed Lord of Kathmandu (The Onslaught Press, UK). Ele é também o editor de Capitals (Bloomsbury, India) uma antologia poética sobre as capitais do mundo, e recebeu o Prêmio Literário Saarc em 2013.
No poema Canção da alma, Abhay tenta fixar o sentido da espiritualidade indiana, que perpassa a antologia 100 Grandes Poemas da Índia: ;Sempre estive aqui/como vento que sopra/ou folhas que caem/como sol brilhante/ou riachos correntes/como pássaros gorgeantes/ou botões florescentes como céu azul/ou espaço vazio/eu nunca nasci/eu não morri.;
Os versos de Amigo, este é o único caminho, de Sachal Sarmast, toca no tema da necessidade de coragem : ;Amigo, este é o único caminho/para aprender o caminho secreto:/Ignore os trajetos dos outros,/mesmo as trilhas íngremes dos santos./Não siga./Nem viaje mesmo./Rasgue o véu do seu rosto.;
100 Grandes Poemas da Índia
Organização de Abhay K./Edição especial da revista de tradução da USP. Lançamento hoje, às 19h, no Beirute da Asa Sul (109 Sul)