Diversão e Arte

Cantora Martinha do Coco faz campanha para gravação do primeiro CD

Apesar dos 10 anos dedicados à música, Martinha nunca teve a oportunidade de gravar o próprio álbum

postado em 29/08/2016 07:35

De gari a cantora de música popular: artista do Paranoá vai gravar álbum com participação de músicos da cidade

Uma das vozes culturais que reverberam no Paranoá, Marta Leonardo de Oliveira, conhecida como Martinha do Coco, nasceu no Recife e foi criada no bairro de Salgadinho, em Olinda. No dia 18 de julho de 1979 ao lado dos irmãos Fátima, Frederico, Katia e Celestino, ela chegou em Brasília com apenas 17 anos em busca de melhores condições de vida. O contato mais estreito com a música aconteceu no primeiro emprego, onde trabalhou como empregada doméstica na casa da funcionária pública e descendente de alemães, Gerti Egler. ;Ela conhecia grandes grupos culturais de música como o Liga Tripa. Eu tinha a bagagem musical de Alceu Valença, Pinduca e outros artistas do cancioneiro popular e encontrei alguém que tinha a bagagem musical de nomes como Oswaldo Montenegro, Violeta Parra e Mercedez Sosa. Foi uma mistura que deu certo;, ressalta Martinha do Coco em entrevista ao Correio.

O primeiro grupo formado por Martinha começou com destaque para a criatividade, durante o período em que trabalhou como gari. Com material recolhido do lixo, Martinha do Coco iniciou uma banda de percussão ao lado de alguns colegas de trabalho. Metais, plásticos e restos de madeira deram vida a instrumentos que musicalizavam o Paranoá impulsionados pela voz de Martinha. Entre o repertório nordestino estavam gêneros como xaxado, forró, maracatu e o coco, ritmo que a consagrou.

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;Quando as pessoas querem resgatar alguma música popular, sempre me questiono. Acho que tudo isso já está dentro de nós. Quando as histórias culturais já estão em nosso coração, fica tudo mais natural;, ressalta Martinha, que relembra com bom humor que a banda formada pelos garis foi proibida de tocar pelo departamento de limpeza depois de apresentações no ônibus. ; Essa foi primeira banda vetada da história;.

Apesar dos 10 anos dedicados à música com participações em álbuns de artistas locais como Marcos Terra ; com quem gravou o primeiro maracatu em estúdio ; Martinha nunca teve a oportunidade de gravar o próprio álbum. Sem recursos para custear o trabalho, a artista iniciou uma campanha para arrecadar fundos para realizar o sonho que tem sido adiado por muitos anos.

;Acho que foi uma caminhada longa. Todos que compõem música querem mostrar o seu trabalho. Agora chegou a minha vez de tentar isso;, destaca Martinha. A meta da vaquinha é alcançar a quantia de R$ 15 mil. ;Quem quiser ajudar pode doar qualquer valor. Além do custo do CD, vamos fazer o registro autoral de todas as músicas da Martinha;, ressalta a produtora e amiga Cleudes Pessoa.

O álbum será gravado pela produtora Rosa dos Ventos e terá músicas autorais da cantora nordestina, que enxerga na música uma forma de resistência. ;Ser mulher e fazer música popular é igual fazer feijão com arroz. É algo casado. Uma oportunidade de ter outra vivência, outro olhar. Com a música você pode estar contra qualquer outro sistema que oprime a mulher e musicalizar toda essa experiência;, defende Martinha, que vai contar com a participação de Seu Estrelo e o fuá do terreiro, grupo Chinelo de Couro, Chico Nogueira, do Mambembrincantes, e Higo Melo, da banda Ataque Beliz, no futuro álbum.

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