Nahima Maciel
postado em 25/05/2015 06:00
A certa altura de Enigmas da primavera, Majnun desmaia no meio de um pátio centenário em Granada. Quando o protagonista do romance de João Almino recobra a consciência, começa a delirar. Tem a certeza de que é uma figura chave na história da presença muçulmana na Espanha do século 13, capaz de impedir a queda de Granada. O rapaz é obcecado por essa passagem da história e pretende escrever uma novela sobre o tema. Mas também é um brasiliense de classe média alta que acredita ser capaz de fazer uma revolução depois de acompanhar a Primavera Árabe e o movimento dos indignados na Espanha. Majnun, que tem origens árabe e espanhola, está prestes a iniciar uma jornada de autoconhecimento e nasceu da vontade do autor de explorar a história da península ibérica com uma perspectiva contemporânea.
Diplomata, Almino foi transferido para Madri em 2011, mesmo ano em que os indignados tomaram as ruas da cidade para pedir mais emprego. A crise financeira mundial respingou no mundo inteiro e vieram Occupy Wall Street, nos Estados Unidos; a Primavera Árabe, no Oriente; e os estudantes no Chile. Esse caldeirão, de certa forma, orientou a escrita do romance. ;Esses movimentos não são equivalentes entre si e se diferenciam de outros movimentos de jovens de um passado não tão distante, como os de maio de 1968 ou La Movida na Espanha. O que tinham em comum eram o elemento de surpresa e o uso das mídias sociais, criando às vezes reações também inesperadas ou balões que podiam desinflar;, repara o autor.
Almino queria escrever sobre a tradição de tolerância do Islã ; e este é o tema da novela que Majnun promete escrever, mas nunca inicia ;, mas não queria fazer disso um ensaio filosófico ou histórico. Criou, então, os personagens de Enigmas da primavera, que tem lançamento marcado para hoje no Carpe Diem da 104 Sul. ;Meu cuidado extremo foi que o trabalho de ficção não cedesse à tentação da adoção do enfoque do historiador, do filósofo ou do jornalista, enfoques que também fazem sentido e são necessários;, avisa o autor, dono de uma prosa ligeira e ágil. ;Desde que encerrei a redação de meu romance anterior, Cidade livre, pensei em criar um personagem jovem, de cerca de 20 anos, confrontado com os dilemas do mundo presente.;
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