postado em 15/05/2015 18:36
[VIDEO1]Quando o policial que acompanhava o protesto após o estupro coletivo de uma estudante de 23 anos disse que "boas meninas não andam sozinhas à noite", o documentarista indiano Ram Devinevi ficou boquiaberto. Três anos depois, colocou em prática a ideia que teve naquela noite de 2012, em Nova Délhi: criou Pryia, uma super heroína que luta contra a desigualdade entre os gêneros e chama atenção para os casos de estupros de mulheres na Índia. Os quadrinhos de realidade aumentada Priya;s Shakti estão disponíveis online.
O projeto retrata a luta da personagem-título, uma mortal que é estuprada e sofre repressões da comunidade onde morava. Ao se sensibilizar com a história da jovem, a deusa Parvati concede a ela poderes especiais para combater os crimes de gênero, o patriarquismo e estigmas da sociedade indiana. O crime de 2012, que inspirou a "vingança da ficção" comoveu o mundo e desencadeou uma série de protestos.
Durante o ano seguinte, o documentarista conversou com diversas vítimas de estupro e percebeu que, além de risco de morte, as mulheres indianas enfrentavam barreiras ao buscarem justiça. Segundo ele, as famílias, a própria comunidade e até mesmo os policiais as desencorajavam a prestar queixas contra os agressores. "A culpa e a vergonha eram postas na vítima e não no predador", acrescenta.
Devineni explica que ficou sensibilizado com a causa e quis criar algo que chamasse a atenção da população jovem do país. Assim como ele, muitas crianças cresceram lendo esse tipo de publicação e tiveram seu primeiro contato com a cultura contemporânea da Índia por meio de histórias em quadrinhos. ;Estamos usando uma construção já existente e familiar na Índia, porém trazendo a tecnologia para o nosso lado;.
Ram se refere à ferramenta de realidade aumentada. Neste tipo de história, os expectadores, com a ajuda de smartphones, conseguem visualizar imagens, textos e sons.
Além de trabalhar em outras edições, o projeto pretende levar o quadrinho para escolas de toda a Índia, além de espalhar murais por regiões onde o preconceito e as repressões ainda estão presentes. ;Queremos introduzir um novo vilão que joga ácido em mulheres;, completa.