Diversão e Arte

Dia do Nordestino: conheça histórias de jovens que agitam a cultura do DF

Os artistas movimentam as artes plásticas, música e dança da cidade

postado em 08/10/2014 11:57
O centenário de Patativa do Assaré, expoente da música regional cearense inspirou a criação do Dia do Nordestino, comemorado nesta quarta-feira (8/10) e instituído no país em 2009. A participação da cultura nordestina em Brasília não se limita a participação dos pioneiros: jovens vindos da Região enxergam na cidade a possibilidade de difundir expressões artísticas de diversas capitais que abrigaram nomes como Luiz Gonzaga e Ariano Suassuna.



Músico Lucas Formiga reflete a alegria do carnaval paraibanoArtes plásticas, música e dança são apenas algumas das manifestações culturais que representam a cultura popular nordestina. O carnaval paraibano serviu de inspiração para a criação do bloco Cafuçu do Cerrado, inspirado no bloco Cafuçu - um dos principais de João Pessoa, com 25 anos de folia.

;Durante a minha infância e adolescência sempre pulei carnaval no Cafuçu. Nada melhor que trazer essa cultura paraibana para Brasília;, ressalta o músico Lucas Formiga, um dos fundadores do bloco criado em 2013 com a colaboração de Kiko Barreto, Mariana Hauen e Ana Carla Gomes. Apesar do viés paraibano, o bloco conta com marchas de frevo tradicionais do Recife e discotecagem de música brega com ícones do ritmo como Luiz Caldas, Falcão, Wando e Sidney Magal. ;Sentia falta de viver coisas que lembravam a minha origem. Com esse bloco, aliamos a cultura carnavalesca da Paraíba a cultura brasiliense;, destaca. O bloco, que se apresenta sempre na primeira semana que antecede o Carnaval no Setor Bancário Norte, já tem a data para se apresentar em 2015: 8 de fevereiro.

A dança originária de Recife também vem ganhando cada vez mais espaço na capital. A difusão do manguebeat proporcionada por Chico Science e Nação Zumbi ressoou na cidade. Os ritmos da cultura popular da região inspiraram o recifense Tico Magalhães a criar o grupo de dança Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, nome inspirado em uma lenda coletiva criada pelo grupo. Formado em publicidade, Tico decidiu largar a profissão para se dedicar exclusivamente à dança.

O grupo de dança Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro se inspiram em Recife

[SAIBAMAIS];Teve um momento em que um lado atrapalhava o outro e decidi optar pelacultura popular;, explica Tico, que chegou na cidade após a mãe assumir um cargo público no Ministério da Saúde. ;Em Brasília, existe uma particularidade muito interessante. Mesmo você sendo de fora, pode se assumir como brasiliense. Eu divido o orgulho de ser pernambucano com o orgulho de ser brasiliense. É muito bom estar numa cidade que eu possa ter esse orgulho de ser do Nordeste;, ressalta o idealizador do Festival Brasília de Cultura Popular.

Conterrâneo de Tico, o músico Cacai Nunes é o responsável por comandar o projeto Forró de Vitrola, dedicado a difundir clássicos do ritmo nordestino em festas mensais em diversos pontos da cidade como Balaio Café, Arena Futebol Clube e na passagem subterrânea da asa norte. ;No início a escolha da passagem subterrânea causou certo estranhamento. Promovo a festa lá uma vez ao ano porque acredito que os brasilienses podem ter novas formas de se encontrarem na cidade à luz do dia;, ressalta Cacai.

Christus Nóbrega compõem as obras do projeto Expedição OutonoNomes como Dominguinhos, Ary Lobo, Zito Borborema e Marinês fazem parte de seu acervo que conta com mais de 2 mil vinis de exemplares de música regional. A vontade de democratizar o acesso ao material impulsionou o recifense a criar o projeto Acervo Origens, onde parte dos discos catalogados é disponibilizada na íntegra em um . ;Não adiantar acumular discos e deixá-los guardados. É preciso deixar que as pessoas conheçam raridades e ouçam os clássicos da cultura popular incluindo os artistas nordestinos, que sempre cantaram sobre suas terras, seus sofrimentos e sobre a fartura. As dificuldades não tiram a fé de cada um deles. Isso é o que me sustenta para continuar esses projetos;, diz Cacai.

Os álbuns de família do artista plástico paraibano Christus Nóbrega compõem as obras delicadas do projeto Expedição Outono. Folhas secas do cerrado colhidas em diversos pontos da cidade servem como base para a impressão de fotos familiares. O forte apelo visual da cidade foi o que mais encantou Nóbrega e o impulsionou em trocar a terra natal pela capital. ;Conheci Brasília através de fotografias que minha mãe tirava a turismo e sempre achei a cidade encantadora. Me identifiquei muito com o clima e com a paisagem;, revela o artista, que mudou-se para Brasília em 2005.

Professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), Christus acredita que a capital tem muitos pontos de contato com a região Nordeste. ;Como temos pessoas do Brasil inteiro aqui, é possível encontrar muita gente do nordeste. Esse acolhimento típico nordestino garante um clima familiar entre os brasilienses;.

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