Diversão e Arte

Jogo de Brasil e Alemanha desperta Nelson Rodrigues; confira "entrevista"

A entrevista é imaginária, baseada nos seus textos e falas. Para Nelson, o futebol não era apenas uma selva de botinadas

Severino Francisco
postado em 08/07/2014 08:00
A entrevista é imaginária, baseada nos seus textos e falas. Para Nelson, o futebol não era apenas uma selva de botinadas

Neste momento de dramática contagem regressiva para a fatídica partida do Brasil contra a Alemanha, no Mineirão, pela semifinal, que definirá os dois times que disputarão a final da Copa do Mundo, nada melhor do que consultar Nelson Rodrigues, o nosso Shakespeare de chuteiras, o nosso Freud de Madureira. A entrevista é imaginária, baseada nos seus textos e falas. Para Nelson, o futebol não era apenas uma selva de botinadas, mas sim um teatro das paixões humanas e esta Copa é a Copa das Copas do coração pela voltagem que atinge a cada jogo, onde o imponderável e o ;Sobrenatural de Almeida; passeiam pelo gramado.

Com vitórias sofridas, nossa Seleção chega hoje como zebra diante da fortíssima Alemanha. Vai dar Brasil?
Há coisas na vida que só Sobrenatural de Almeida explica. Os idiotas da objetividade não vão além dos fatos concretos. E não percebem que o mistério pertence ao futebol. Não há clássico e não há pelada sem um mínimo de absurdo, sem um mínimo de fantástico.



O Brasil será campeão mundial nesta Copa?

A grande vitória é anterior a si mesma ou por outra, antes de acontecer, ela já estava escrita. Se o Brasil for campeão mundial, o sujeito que, depois dessa façanha, não chorar lágrimas de esguicho é um mau-caráter.

O que o Brasil deve fazer para ganhar da Alemanha?

Amigos, um campeão tem de comportar-se como tal. Ou expulsamos de nós a alma da derrota ou nem vale a pena competir mais. Com uma humildade assim abjeta, ninguém consegue atravessar a rua, sob pena de ser atropelado por uma carrocinha de Chica-bon. O escrete brasileiro deve correr mais do que coelhinho de desenho animado. E colocar a alma nas chuteiras. Viver por uma coisa é talvez fácil. O belo, o patético, o definitivo, é morrer por ela.

Parte da crônica esportiva afirma que o Brasil só ganha da Alemanha por um milagre. O que acha?
Quanto a mim, com satisfação o confesso: acredito piamente em milagre. Ou por outra: só acredito em milagre. A meu ver, o fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há, nele, de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre.

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