postado em 28/01/2012 13:51
Não pergunte a Eumir Deodato em quantos discos ele trabalhou. Foram inúmeros, impossível lembrar de todos. O nome do músico, compositor, pianista e arranjador carioca figura nos créditos de centenas de álbuns de artistas nacionais e internacionais. Não seria exagero dizer que ele é o brasileiro que mais trabalhou com músicos estrangeiros. Radicado nos Estados Unidos desde 1968, Deodato passou longos períodos sem se apresentar no Brasil por conta da concorrida agenda profissional. Isso começou a mudar a partir de 2007 e se intensificou há dois anos, com uma série de shows no Brasil. Brasília, no entanto, ainda não viu Eumir Deodato ao vivo. ;Estive aí uma única vez, bem garoto, no fim dos anos 1950. Meu pai trabalhou na construção da cidade;, lembra o músico, 68 anos, em entrevista telefônica direto de sua residência americana, localizada nos arredores de Nova York.
Hoje, Deodato subirá ao palco da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional (;É grande? Quantas pessoas cabem lá?;, ele pergunta, curioso) como parte da programação do Festival Internacional de Artes de Brasília. Antes do carioca, apresenta-se o grupo brasiliense de choro e música instrumental Sai da Frente. Os ingressos serão distribuídos, na bilheteria do teatro, a partir das 14h.
Acompanhado do baterista Renato Massa e do baixista Marcelo Mariano, Eumir Deodato mostrará músicas suas e de outros autores dentro de um repertório que passará por duas fases marcantes de sua trajetória: a bossa nova (o começo da carreira) e o jazz-funk (sua consagração internacional). ;Serão 12 músicas, passando por Berimbau (de Vinícius e Baden) e Dindi (Jobim e Aloysio de Oliveira) até Skyscrapers, September 13 e Summertime (Gershwin);. O set list ainda contará com músicas do disco mais recente do compositor, The crossing, de 2010.
Consagração
Lançado há 40 anos, o álbum Prelude foi um marco na carreira de Eumir Deodato. Com a bossa nova já desgastada ; ;Estava virando música de elevador;, ele disse em depoimento a Charles Gavin no programa O som do vinil ;, o arranjador e pianista buscava novas sonoridades. Incentivado pelo produtor americano Creed Taylor, Deodato criou uma obra fusion, na qual jazz, funk e música erudita se amalgamavam. Lançado pelo selo CTI (de Taylor), o álbum alcançou sucesso com a faixa Also asprach Zarathustra, versão funky para a composição de Richard Strauss que, alguns anos antes, foi usada como tema do filme 2001: uma odisséia no espaço.
Além dos próprios discos solo, Eumir Deodato passou as décadas seguintes trabalhando com uma infinidade de cantores, cantoras e grupos dos mais diversos. É dele, por exemplo, o arranjo de Celebration, de Kool & The Gang. A lista com quem ele trabalhou passa por nomes como Frank Sinatra, Roberta Flack, Aretha Franklin, Earth Wind and Fire, Wes Montgomery, Stanley Turrentine, George Benson, Paul Desmond, João Donato, Milton Nascimento, Marcos Valle, Elis Regina, Tom Jobim, Gal Costa, Astrud Gilberto, Walter Wanderley;
Nos anos 1990, Deodato arranjou os álbuns Post (1995), Telegram (1996) e Homogenic (1997), da cantora islandesa Bj;rk. Seus trabalhos mais recentes incluem arranjos para discos do cantor francês Charles Aznavour, da banda francesa Perry, da cantora carioca Laura Rizzotto e da banda paulistana Huaska.
Depois de décadas de atuação, Deodato ainda acha difícil explicar o que o mantém como um workaholic da música. ;Não sei, acho que se eu começar a pensar nisso eu paro de tocar (risos). Faço música com muito prazer. É uma coisa que sempre me manteve integro com as coisas;.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES DE BRASÍLIA
Hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional: show com o grupo Sai da Frente e Eumir Deodato Trio; às 21h, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional, Um corpo acústico, com Edson Beserra. Entrada franca mediante retirada de ingresso na bilheteria do teatro, a partir das 14h (retirada das senhas a partir das 12h). Classificação indicativa livre. Informações: 3325-6239 e 3325-6256 (bilheteria).