postado em 09/07/2009 07:50
Só ontem o estudante Josuel Junior voltou para casa em Samambaia. Havia 11 dias que ele tinha se mudado de mala e cuia para a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (FADM). Quem quisesse encontrá-lo bastava dar um pulinho no camarim 6. Na quitinete provisória, ele desmaiava depois da maratona de ator-produtor da 9; Mostra Dulcina. Estava tão cansado que deitava e não ouvia nada. Nem o propalado fantasma de Dulcina a passear cheiroso e de salto alto pelos subsolos do teatro.; Foi um movimento intenso para 11 dias. Fiquei virado e feliz (risos). Recuperei, como aluno, a estima de estudar na instituição criada por ela, orgulha-se.
Sentimento, aliás, perdido por outras centenas de alunos, servidores e professores há décadas, desde que a instituição mergulhou numa crise que parecia sem fim. Ano passado, lá estava Josuel a falar palavras de ordem em manifestação contra a ameaça iminente de fechamento da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), primeiro órgão de ensino superior do país, criado por Dulcina de
Moraes em 1955, no auge de sua popularidade como diva dos palcos brasileiros.
; Naquele protesto, éramos estudantes desesperados dando um grito de socorro. De uma hora para outra, o clima mudou, observa Josuel.
A 9; Mostra Dulcina de Moraes foi o termômetro. Três mil espectadores passaram pela FADM, as duas salas do Complexo Cultural da Funarte e o Teatro Caleidoscópio. No prédio-sede do Conic, houve espetáculos, demonstrações de dramaturgia colaborativa e leituras cênicas no teatro, corredores, laboratório de fotografia, antigo foyer, subsolo e até na sala dos professores. Na galeria, 53 estudantes exibiram suas criações visuais. Ainda teve o 1; Festival de Cenas Curtas.
; A energia é outra. Há uma animação diferente entre professores e alunos, destaca o porteiro Márcio Ferreira.
Contagiado, ele sugeriu a outros funcionários que distribuíssem panfletos do vestibular em pontos de ônibus e estações de metrô.
; Fui aluna do tempo de Dulcina e percebi que, com a chegada de novos professores, voltamos a ter o respeito e a concentração que ela mantinha em sala de aula, conta a diretora Lúcia Andrade.
[SAIBAMAIS]A nova gestão sanou dívidas e consolidou o corpo docente formado por profissionais de relevância no mercado de arte, a exemplo de Giselle Rodrigues (baSiraH), Luciana Lara (Antistatusquo), Francis Wilker (Teatro do Concreto), André Amaro (Teatro Caleidoscópio), Flor Marlene, Tullio Guimarães, Sheila Campos e os irmãos Adriano e Fernando Guimarães.
; Estamos arrumando a casa. Corrigindo imperfeições administrativas, fazendo parcerias, criando projetos. A reforma do teatro foi aprovada por meio de uma emenda parlamentar. A primeira parcela será de R$ 900 mil. Vamos recuperar a estrutura comprometida (fiação, carpete, poltronas, urdimento) e devolver este teatro maravilhoso para a cidade, conta o administrador Guto Brandão.
Os planos são muitos. No segundo semestre, reforma do prédio da FBT, transformação da Sala Conchita de palco italiano para espaço multiuso, criação da rádio comunitária Dulcina (antiga Porão do Rock), segunda edição do Festival de Cenas Curtas, 10; Mostra Dulcina e a criação do primeiro curso superior de dança no DF.
; Ano que vem ainda faremos o 1; Festival de Teatro Universitário numa edição nacional, adianta Guto Brandão .