Durante a epidemia de H1N1 de 2009, pouco se sabia sobre o então novo vírus que desencadeou a chamada gripe suína. Mesmo com o desconhecimento, os médicos já alertavam: entre os fatores de risco, estava a obesidade. Essa condição que afeta 10% da população mundial faz com que o organismo se torne mais suscetível a infecções, pois a gordura provoca um processo inflamatório que leva à imunossupressão.
O problema, alertam pesquisadores norte-americanos, é que o excesso de peso reduz muito a proteção das vacinas de influenza. Esse é um quadro grave, considerando um futuro muito próximo em que se prevê a explosão global de sobrepeso ao mesmo tempo em que novos micro-organismos letais estão por emergir. Um estudo publicado na revista mBio, da Sociedade Americana de Microbiologia, mostrou que os adjuvantes ; substâncias que melhoram a efetividade da imunização ; aumentam as defesas dos obesos, mas não o suficiente para protegê-los contra o H1N1 e o H7N9. Esse último é o causador da gripe aviária e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, tem potencial para provocar epidemias de grandes proporções, com índice de letalidade de 30%.
No estudo, os pesquisadores do Hospital Pediátrico de St. Jude, em Memphis, nos Estados Unidos, separaram ratos em dois grupos: obesos e com peso normal. Ambos receberam vacinas contra os vírus da influenza contendo os adjuvantes Alum e AS03. Eles também foram imunizados com substâncias que não tinham esses ingredientes. Exames de sangue mostraram que, independentemente do peso, a vacina com adjuvantes melhorou a resposta imune dos animais, aumentando a produção das células de defesa, quando comparada à versão pura. Contudo, nos obesos, esse incremento foi 50% menor que o verificado nos ratos com peso normal.
Passadas três semanas, os roedores foram expostos aos vírus H1N1 e H7N9. Nenhum dos ratos do grupo de controle exibiu sintomas de gripe. Contudo, todos os obesos, mesmo os imunizados com substâncias contendo adjuvantes, ficaram com a doença. Entre três e cinco dias após a infecção, eles exibiam uma carga viral muito alta nos pulmões, algo praticamente indetectável nos ratos com peso normal.
Os cientistas resolveram, então, testar uma estratégia para incrementar a resposta imunológica aumentando a dose da vacina em quatro vezes. Não deu certo. Os animais obesos não só continuaram desprotegidos como, uma vez em contato com uma quantidade menor de vírus, se mostraram ainda mais suscetíveis. De acordo com os pesquisadores, a hipersuscetibilidade pode estar contribuindo para diminuição da efetividade da vacina. ;Estudos prévios indicam que, mesmo infectados com níveis muito baixos do vírus, os animais obesos desenvolvem a doença da forma mais severa, muitas vezes não resistindo;, observa Stacey Schultz-Cherry, professora do Departamento de Doenças Infecciosas de St. Jude e principal autora do trabalho.
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