Rodrigo Craveiro
postado em 07/10/2014 09:30
Foi com um sorriso que a norueguesa May-Britt Moser atendeu ao telefonema do Correio enquanto se deslocava em Trondheim a bordo de um táxi. Durante quatro minutos, ela contou que chorou ao saber da notícia e chegou a pedir a G;ran Hansonn, secretário do Comitê Nobel para Fisiologia ou Medicina, que lhe enviasse um e-mail com os detalhes da premiação. ;Fiquei chocada;, admitiu à reportagem. May-Britt explicou como ela e o marido (foto), Edvard, detectaram o chamado mapa espacial.
[SAIBAMAIS]A senhora esperava receber o Nobel de Medicina neste ano? Qual é o simbolismo do prêmio?
Em primeiro lugar, não esperava receber o prêmio. Estava em meu escritório quando falei por telefone com G;ran Hansonn e pedi a ele que enviasse um e-mail com os detalhes porque eu não estava acreditando. Eu repetia: ;Eu não acredito, eu não acredito;. Tive que ir até o meu reitor e mostrar-lhe o e-mail. E ele disse: ;Sim, é verdade; (risos). Foi uma coisa louca.
Qual foi a sua reação ao perceber a notícia?
Eu estava chorando. Fiquei chocada. Fiquei tão feliz e tão orgulhosa de meu grupo, da minha universidade e do meu país.
Como a senhora analisa a importância de seu estudo para a compreensão sobre o cérebro?
O processo do GPS interno é mediado por células do cérebro. Elas reconhecem os padrões do ambiente. Procuramos entender como esses padrões são gerados para compreender o modo com que o cérebro lida com essas informações.
A senhora mapeava conexões no hipocampo em ratos que se moviam por uma sala quando descobriu a atividade cerebral. Por que esse momento foi tão surpreendente?
Sim, nós gravamos os sinais do córtex entorrinal. O;Keefe supervisionou o nosso trabalho. Ele gravou as atividades do hipocampo e as transcreveu. Resumindo as atividades, nós obtivemos o senso de localização. Quando vimos isso no laboratório, era como se fosse um caminho para o Nobel.
Quais seus projetos agora que conquistou o prêmio mais desejado da ciência?
Fazer mais pesquisas, isso é minha vida, minha paixão. (RC)