Paloma Oliveto
postado em 16/09/2014 11:28
Apropriar-se de ideias e obras alheias, assumindo publicamente a autoria de um trabalho é uma prática antiga, da qual poucas áreas escapam. Quadros, músicas, livros, filmes e até receitas culinárias são alvo fácil de plagiadores. No meio acadêmico, o ctrl c, ctrl v já virou uma praga, como costumam definir os cientistas incomodados com a cópia de teses, dissertações e artigos. ;O plágio é um engano para quem o lê e uma mentira para quem o assina como autor. (;) É um esconderijo de palavras e textos, um desconcerto indevido para autores e leitores;, define o livro Plágio: palavras escondidas, de Debora Diniz e Ana Terra, que será lançado hoje em Brasília.Debora é professora universitária e participa de comitês de ética. Ana Terra é editora de textos. De formas diferentes, as duas têm contato frequente com obras acadêmicas. Da experiência delas, que não raramente se deparam com trabalhos copiados, surgiu a ideia de debater, de maneira bem-humorada, mas aprofundada, esse tema tão caro ao meio científico. Os escândalos envolvendo pesquisas e artigos plagiados colocam em risco a própria credibilidade da ciência, destacam as autoras, que citam diversos casos de cópias. Em um deles, ocorrido no Brasil, os plagiadores chegaram a se apoderar de 100% de um artigo publicado 10 anos antes sobre o controle de qualidade da cachaça. Nem as ilustrações do original escaparam.
As autoras lembram, contudo, que nem sempre o pesquisador está mal-intencionado. Pode acontecer de, em um texto acadêmico, o autor citar outros trabalhos sem o crédito devido, mais por falta de informação do que por vontade de se apoderar do artigo alheio. Em 2011, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação, e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fizeram recomendações tanto para estudantes e autores quanto para as instituições de ensino. A ideia era orientar os pesquisadores para que eles não cometessem plágios e auxiliar as universidades na tarefa de coibir e caçar os imitadores. Uma das ferramentas recomendadas foram softwares capazes de detectar cópias.
Segundo Debora Diniz, embora a tecnologia acabe facilitando o plágio, ela também é um instrumento poderoso para farejá-lo. ;Esse é um mecanismo que se retroalimenta: se temos mais informação disponível, mais facilmente podemos plagiar; por outro lado, seremos mais rapidamente flagrados;, diz a doutora em antropologia e professora da Universidade de Brasília (UnB). Em entrevista ao Correio, ela insiste que o plágio não deve ser resolvido na seara penal: ;Ele deve ser tratado como infração textual a ser sanada antes no campo da ética e da educação;, defende.
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