Ciência e Saúde

Brasil busca vaga no Conselho Ártico, mas outros países são contrários

postado em 16/01/2012 08:00

Começa amanhã, em Toronto, no Canadá, o fórum preparatório para a reunião anual do Conselho Ártico, grupo de oito países ; Canadá, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Rússia, Suécia e Estados Unidos ; que decide os destinos do Polo Norte. Segundo analistas internacionais, um dos temas predominantes do encontro deste ano deve ser a inclusão de outras nações no grupo. Nos últimos anos, o Brasil e outras potências emergentes, como Índia e China, têm pressionado cada vez mais para serem aceitos, mas a ideia é rechaçada por alguns dos integrantes, como Canadá e Rússia.

Atualmente, além dos oito membros permanentes, o conselho conta com seis países observadores ; França, Alemanha, Holanda, Polônia, Espanha e Reino Unido ;, que, embora não tenham direito a voto, acabam influenciando as medidas tomadas pelo grupo. O interesse de Brasil, China e Índia é integrar o grupo de observadores para garantir uma maior participação nas decisões a respeito da região, rica em carvão mineral e petróleo.

As nações que são contra a mudança acreditam que a ampliação do conselho diminuiria seu poder em outras instâncias, como a Assembleia Geral das Nações Unidas, e reduziria a força dos grupos étnicos que também integram o órgão. Por outro lado, os defensores da democratização do Conselho do Ártico veem na admissão de mais membros observadores uma chance de fortalecer economicamente o grupo, ajudando na implementação de suas ações.

;O Conselho está lidando com essa questão;, afirmou Tony Penikett, assessor especial do Programa Munk-Gordon de Segurança do Ártico e ex-premier de Yukon, território canadense vizinho ao Alasca. ;Os interesses dos estados não Árticos não são apenas uma fantasia passageira. Para o conselho continuar a ser relevante, deve responder se deve ampliar-se ou permanecer como um clube exclusivo;, comentou em comunicado.

Presidência

O evento servirá também para o Canadá testar sua liderança dentro do grupo. A partir do próximo ano, o país exercerá a presidência rotativa bienal do conselho. ;Há um rápido crescimento no interesse global pelo Ártico. O Canadá se tornará presidente do Conselho em um momento estratégico;, avalia o historiador da Universidade de Toronto John English. ;O país tem uma oportunidade de ouro para mostrar liderança e moldar a agenda do Ártico.;

Independentemente das decisões que forem tomadas nos próximos anos, a influência das potências não tradicionais no Ártico promete crescer. A China, por exemplo, fechou um acordo com a Noruega e instalou uma estação de pesquisa no norte da ilha Svalbard, pertencente ao país europeu. Além disso, os asiáticos estão construindo um navio quebra-gelo de 8 mil toneladas para facilitar o trânsito na região durante o inverno. A ação vem preocupando o conselho, que pode deixar de opinar apenas em questões ambientais e científicas para tratar também de assuntos políticos e de segurança. (MMM)

Participação
O Conselho do Ártico é a única instituição política de caráter multilateral que abre espaço para membros de comunidades locais. Além dos oito países-membros, o órgão é composto por delegações das etnias Inuit, Athabaska, Gwich;in, Sami e Aleut, além da Associação Russa dos Povos Indígenas do Norte (Raipon).

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