Hellen Resende*
postado em 02/03/2018 17:26
A orquestra foi criada em 2011, formada por jovens músicos do DF. Hoje, eles são em 18: 15 alunos e três professores, que se apresentam em eventos culturais da cidade, muitos a céu aberto. O Thiago Francis, 36, é maestro da orquestra filarmônica e não esconde o encantamento com o projeto. "É uma oportunidade a meninos, que não teriam acesso a esse tipo de cultura, que ensina, principalmente, música brasileira", conta o líder.
Os alunos são ganhadores de concursos de música nas escolas onde estudam, a maioria da rede pública de ensino. Eles despertam a atenção pela qualidade musical. Com um grupo de choro que se reuniu a partir da filarmônica, alguns deles receberam o convite para tocar com consagrada banda de reggae Natiruts. E foram além: receberam a promessa de gravar um primeiro CD. "O projeto é o meu refúgio, uma parte da minha vida que não largo mão", conta Francisco Vladimir, 20 anos, estudante e aluno do projeto desde 2012.
Expandindo muros
Até aqui, tudo caminha muito bem para o grupo. Porém, o desafio maior está marcado para março: tocar na Alemanha, canções locais, com o cavaquinho, instrumento tipicamente brasileiro. A orquestra foi convidada para realizar três concertos em Berlim, onde acompanharão o coral da capital, um na cidade de Halle e dois concertos em Papenburg ; norte do país. A filarmônica passará duas semanas representando o Brasil nas terras de Ângela Merkel. "São precursores representando a música brasileira e abrem as portas para um possível intercâmbio musical com a Alemanha", conta Thiago Francis.
A orquestra faz parte de um projeto social ainda maior, o Waldir Azevedo, que reúne mais de 150 alunos, a maioria de escolas públicas do DF. Eles participam de aulas gratuitas de música, jiu-jitsu, circo e reforço escolar. O trabalho é movido por voluntários, e pelo sonho de seu idealizador, o músico Dudu Oliveira,36. "Morei em várias comunidades e sempre dei a sorte de encontrar um projeto social que me acolhesse. É você fazer por alguém o que um dia já fizeram por você", relembra.
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Natural do Rio de Janeiro, Dudu chegou à capital federal em abril de 2011. Aqui, focou na continuidade dos projetos que participava nas comunidades cariocas. Conheceu a Vila Telebrasilia assim que chegou e viu ali um lugar carente de oportunidades. Então, o músico comprou 13 cavaquinhos, todos à prestação, e, na praça da Vila, apresentava o som e convidava as crianças para aprender a tocar o instrumento. Deu certo!
Ele e a mulher, Taís Tosi, 37, mudaram-se para a Vila no mesmo ano e fizeram do quintal de casa, coberto por lona e com pouca estrutura, o espaço para as aulas. "A música ajudou os alunos a se disciplinar e a ter um foco mesmo. Para cá, vem muitos meninos que vivem jogados na rua", conta Taís.
Para sustentar o projeto, Dudu e Taís concorrem aos editais de incentivo da Secretaria de Cultura e contam com a boa vontade de professores e amigos. Um dos voluntários é o maestro Thiago Francis. "Eu tiro o chapéu para os dois idealizadores, eles vêm de uma origem humilde e dão aos meninos uma riqueza imensa", elogia.
O grupo corre contra o tempo em busca de patrocínio para a viagem à Alemanha. Eles já conseguiram custear alguns gastos que terão por lá, mas ainda precisam pagar as passagens e ajudar os que têm menos recursos a custear os gastos totais da empreitada. Para isso, promovem na noite desta sexta-feira (2/3) um rodízio de pizza beneficente, no valor de R$ 35 por pessoa. O encontro estáacontece das 20h à meia-noite, no Clube Ases, ao lado do Pier 21. "Meu objetivo é ensinar um ofício dentro da arte e deixar esse ofício fazer deles pessoas mais felizes;, expressa Dudu Oliveira.
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli