Cidades

Macacos encontrados no DF e em GO não morreram por febre amarela

Segundo os primeiros laudos, os animais morreram de parasitas, toxoplasmose transmitida por gatos, pneumonia e infecções

Otávio Augusto
postado em 14/02/2018 20:11
Os primeiros laudos mostram que os animais morreram de parasitas, toxoplasmose transmitida por gatos, pneumonia e infecções
A Universidade de Brasília (UnB) concluiu que 79 dos 83 macacos encontrados mortos no Distrito Federal e em Goiás não foram vítimas de febre amarela. Em 38 dos casos, os especialistas descobriram que os animais morreram de, pelo menos, cinco doenças, segundo o Laboratório Regional de Diagnóstico para Febre Amarela em Primatas não Humanos, sediado no Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UnB.

Os primeiros laudos mostram que os animais vieram a óbito por conta de parasitas, toxoplasmose transmitida por gatos, pneumonia e infecções. Há, ainda, mortes por choques elétricos, traumatismos e complicações no parto. Do total, oitos macacos tiveram a causa da morte indeterminada. Quatro ainda devem passar por análise laboratorial.

[SAIBAMAIS] O professor de patologia veterinária Márcio Botelho coordena os trabalhos do laboratório. Segundo ele, no fim desta semana a universidade deve apresentar um novo panorama da situação. Serão atualizados o número de macacos encontrados mortos e as respectivas causas. "Fizemos muitos exames. Em breve teremos mais dados contabilizados. As amostras foram lidas e interpretadas. Aguardamos apenas a digitação dos laudos", destaca o especialista.
Botelho ressalta, também, que os resultados trazem segurança aos brasilienses e goianos, já que não foi confirmada a circulação do vírus da febre amarela nas regiões. "Quando os macacos morrem com a doença, sabemos que o vírus da febre amarela está circulando. Isso baliza as ações de vigilância. Há uma preocupação extrema com o macaco, mas ele é tão vítima quanto o ser humano. A morte dele nos alerta para interromper a transmissão", destaca.

Referência no diagnóstico


O DF é referência no diagnóstico de febre amarela em primatas encontrados em Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Antes as análises eram feitas no Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, e levavam até oito meses para ficarem prontas. Hoje, os diagnósticos não levam mais que 15 dias. Isso aumentou o poder de reação a um surto, por exemplo.
Desde 2000, a Secretaria de Saúde estuda as causas das mortes de primatas no DF. Em 2016, a pasta recolheu 56 macacos mortos. Em 2017, foram 155 casos ; nenhum com o vírus da febre amarela. Este ano, pelo menos 10 cidades do DF registraram óbitos de primatas. Park Way, com quatro animais encontrados, e Águas Claras, com três, lideram a lista.
O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP) alertam que os macacos, assim como os seres humanos, são vítimas da doença. No ciclo silvestre da febre amarela, os macacos são os principais hospedeiros do vírus ; a doença é transmitida pelos mosquitos Sabethes e Haemagogus. Os primatas servem como guias para a elaboração de ações de prevenção da febre amarela. Matar animais é considerado crime ambiental pelo artigo 29 da Lei n; 9.605/98. A pena chega a um ano de prisão e pagamento de multa de R$ 5 mil.

Casos em humanos


O mais recente balanço do Ministério da Saúde, divulgado em 7 de fevereiro, destaca 353 casos confirmados de febre amarela e 98 mortes pela doença. O DF, segundo dados do Ministério da Saúde, notificou 33 casos suspeitos, descartou 19, 13 continuam em investigação e um caso que evoluiu para morte do paciente foi confirmada.
O estado que apresentou o maior número de casos confirmados até o momento foi São Paulo, com 161, seguido de Minas Gerais (157) e Rio de Janeiro (34). Quanto aos óbitos, Minas está à frente com 44, depois São Paulo (41) e Rio de Janeiro (12).

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