Os réus da Máfia dos Concursos sentaram na sala de audiência da Vara criminal de Águas Claras pelo terceiro dia consecutivo nesta sexta-feira (15/12). Como aconteceu na quinta (14), os quatro acusados permaneceram no local ouvindo o depoimento de diversas testemunhas e não foram chamados para falar. Depuseram pessoas próximas ao grupo e, também, candidatos que pagaram para tentar assumir um cargo público no Distrito Federal. O esquema de fraude em concursos públicos e vestibulares e falsificação de diplomas foi desmontado pela Operação Panoptes da Polícia Civil, deflagrada em 22 de agosto deste ano.
O juiz Gilmar Rodrigues da Silva presidiu a audiência e fez perguntas para alguns dos intimados. A maior parte dos questionamentos, porém, coube à promotora do Ministério Público do Distrito Federal e territórios (MPDFT) Fernanda Molyna e aos advogados de defesa. A expectativa é que o rito dure até segunda-feira. Após a audiência, o processo será encaminhado ao MPDFT para as alegações finais e, em seguida, será a vez dos advogados se pronunciarem. Só então o juiz proferirá a sentença.
[SAIBAMAIS]Devido à complexidade do caso, a decisão do magistrado deve demorar mais de um mês para sair. Os réus são Helio Garcia Ortiz, apontado como líder do bando, que já tinha sido preso em 2005 também por fraudar provas de concurso e vestibulares; o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, que tinha como função ajudar o pai e aliciar interessados em compra de vagas; o proprietário de uma instituição de ensino particular, Johann Gutemberg dos Santos; e o braço direito de Bruno, Rafael Rodrigues da Silva Matias, que arregimentava professores para fazerem as provas e repassarem as respostas para outros candidatos.
Eles respondem por fraude em concurso público, falsificação de diploma e associação para o crime. Entre as testemunhas ouvidas estava um rapaz que foi chave para que a operação da Polícia Civil terminasse com a prisão dos acusados. Ele prestou concurso como praça do Corpo de Bombeiros e foi flagrado com um celular escondido no banheiro, após uma denúncia anônima. Ele assumiu o crime e apontou Bruno como aliciador. A partir daí, a polícia foi capaz de acompanhar o bando e, por fim, prender o quarteto. Como a maior parte dos aliciados, o jovem encerrou discurso dizendo que, antes do término da prova, havia se arrependido.
Ao todo, oito pessoas foram ouvidas. Além da testemunha chave, depuseram um pedreiro que trabalhou para Hélio e Bruno, uma policial civil que trabalhou na segunda fase das investigações que resultaram na Operação Panoptes e um professor contratado pelo grupo para responder um trecho de uma prova da Terracap. O grupo arregimentava esses profissionais como ;pilotos;. Cada um respondia a trechos diferentes da prova, saía mais cedo e repassava as respostas para Bruno, que condensava o material e enviava para celulares de candidatos. Os aparelhos ficavam escondidos nos banheiros das instituições onde as provas eram aplicadas.