Victória Fernandes*
postado em 13/10/2017 15:50
O publicitário Akim Côrtes, 24 anos, deixou a área da comunicação para seguir a vida de artista. "É importante trabalhar com o que nos faz felizes. Eu fui para a publicidade porque tinha medo de fazer artes e morar em baixo da ponte. Achava que ficaria pobre, que não conseguiria me alimentar ou viveria com minha mãe para sempre", diz, rindo.Passados três anos da decisão, no entanto, ele se sente recompensado. ;Não estou nadando em dinheiro, mas tenho o suficiente;, garante o ilustrador, que retrata principalmente figuras femininas, animais e personagens diversos, usando as técnicas de pirografia (desenho com fogo), giz pastel, lápis, aquarela e nankin, que é a sua favorita.
Akim aprendeu a desenhar antes mesmo de começar a escrever. "O desenho e a pintura sempre estiveram presentes no meu dia a dia. Venho de uma família grande, eram 16 pessoas numa casa. Meus tios desenhavam e minha avó também. Além disso, o desenho era a nossa forma de brincadeira. Um dos meus tios, Aloísio Lima, costumava desenhar ET;s, eu olhava e pensava: ;Caraca, quero desenhar assim;."
Persisitir e nunca parar
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Para ele, o segredo do desenho é a persistência. "Comecei desenhando mal, igual a todo mundo. A diferença é que eu não parei de tentar." Akim desenha o tempo todo, carrega um caderninho de bolso para os momentos de ócio, e vê a arte como parte do cotidiano. "A arte é o meu passatempo, meu hobby e meu trabalho. Se eu estou no metrô ou no banco, estou desenhando." Ele carrega como inspiração principal a avó materna, Ivonete Côrtes, que faleceu há cinco anos. "Ela pintava quadros e desenhava muito bem."
[SAIBAMAIS]Os primeiros passos para que a arte se transformasse efetivamente em trabalho ocorreram ainda na adolescência. "No ensino médio, eu desenhava colegas e professores. De vez em quando, alguém pedia para eu desenhar alguma coisa e eu já descolava uns trocados." Após a faculdade, trabalhando em agências de publicidade, Akim percebeu que a carreira de ilustrador era o que realmente lhe traria prazer. "Hoje, dou aula de artes no Insituto Amilcar Mendes e publico meus trabalhos no Instagram. Faço a maioria dos desenhos para mim mesmo, mas também recebo encomendas. O mercado da arte é muito grande, tudo tem arte. O design de uma cadeira é arte, um desenho estampado no metrô é arte, capas de livro, capas de filme, histórias em quadrinhos, quadros e tatuagens, tudo é arte."
Akim dá uma dica valiosa para iniciantes: ;Desenhar é mais que pegar uma caneta e um pincel e traçar. É como você enxerga as coisas. Quando treinamos nosso olhar, começamos a entender as imagens geometricamente e estruturalmente. Quando a pessoa está aprendendo, é recomendável que ela comece usando referências, por exemplo: o nariz é na altura das orelhas. Pra quem já desenha e sente que isso motiva seus dias, persista e trabalhe com vigor", conclui.
*Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende