Ana Carolina Fonseca*
postado em 12/05/2017 15:50
A rede pública de saúde do Distrito Federal é uma das primeiras unidades da Federação a oferecer gratuitamente um exame de alta precisão capaz de detectar 35 tipos do HPV (vírus do papiloma humano), micro-organismo sexualmente transmissível e relacionado com diferentes tipos de câncer, especialmente o de colo de útero. O teste, que, na rede particular, chega a custar R$ 700, está disponível há algumas semanas aos pacientes de Brasília.
O farmacêutico bioquímico Edson Bello, do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), unidade capacitada para fazer o exame, explica que esse teste é um complemento a outros exames, que, em geral, classificam o HPV, que tem mais de 200 tipo identificados, em uma de três categorias: alto risco, baixo risco e provável alto risco.
Por ser mais sensível, o novo teste, chamado CLART;, tem como principal vantagem a possibilidade de oferecer um diagnóstico mais seguro e, consequentemente, um tratamento mais eficaz, explica Thaís Machado, biomédica da Genomica, empresa que desenvolveu o método.
;Se o médico consegue oferecer para o paciente o diagnóstico correto do tipo (de vírus), o tratamento vai ser muito mais efetivo e eficaz;, diz a especialista. Ela explica, ainda, que a eficácia do exame está na forma de detecção. Primeiro, o DNA do vírus é isolado e multiplicado, para, depois, serem identificados os tipos do HPV presentes no material analisado.
Sem filas
Não é preciso enfrentar filas para realizar o exame. A ideia é que ele vire parte do protocolo dos hospitais com centro de oncologia. Os médicos que identificarem alterações nos exames ginecológicos de papanicolau e colposcopia, os mais comuns para a detecção de HPV e câncer de colo de útero, poderão encaminhar o material para o Lacen.
Os especialistas alertam ainda para outra vantagem do exame. Com ele, é possível saber a persistência da infecção. De acordo com Edson Bello, lesões no colo do útero que duram mais de um ano estão ligadas a tipos de HPV com alto risco oncogênico e podem, no futuro, progredir para carcinomas. ;O HPV com risco de causar câncer não é só o de ;alto risco;, é de persistência também;, acrescenta Thaís Machado.
* Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende.