Cidades

Viúva chorou ao saber da prisão do homem que o marido salvou das ariranhas

Em entrevista exclusiva ao Correio, filho do sargento morto após resgatar menino mordido por ariranhas no zôo de Brasília fala do caso e da reação ao saber do destino do sobrevivente

Otávio Augusto
postado em 25/06/2016 14:04
Em entrevista exclusiva ao Correio, filho do sargento morto após resgatar menino mordido por ariranhas no zôo de Brasília fala do caso e da reação ao saber do destino do sobrevivente

Filho mais velho do sargento que se atirou no fosso das ariranhas do Zoológico de Brasília, em 1977, para resgatar Adilson Florêncio da Costa, então com 13 anos, o médico Sílvio Delmar Hollenbach Júnior, 46, quebrou o silêncio. No início da tarde deste sábado (25), ele falou, com exclusividade ao Correio. Contou que a mãe chorou ao saber da prisão do menino por quem o marido dela deu a vida.

A Polícia Federal prendeu Adilson na sexta-feira (24), por supostamente integrar um esquema que desviou R$ 90 milhões da Postalis e da Petros, os fundos de pensão dos funcionários dos Correios e da Petrobras. Adilson é ex-diretor financeiro da Postalis. A mulher do sargento só chorou ao saber do caso. ;Ela não quis fazer nenhum comentário a respeito do assunto;, ressaltou o filho dele.

Médico otorrinolaringologista, Sílvio Delmar Hollenbach carrega o nome do pai herói. Ele atendia um paciente quando soube da prisão de Adilson . ;Estava atendendo uma consulta quando me ligaram. Depois, vi a notícia nas redes sociais;, contou. ;Cada um faz suas escolhas. A gente cabe lamentar, mas o que importa é a mensagem que meu pai deixou de amor ao próximo;, completou.

Sem contato

As famílias do herói e do garoto salvo por ele nunca tiveram contato. Nem mesmo houve um agradecimento formal. Sílvio, no entanto, garante não haver mágoas por parte dos parentes dele. ;Nunca cobramos ou esperamos esse agradecimento;, frisou.

As lembranças daquele 27 de setembro de 1977 ainda estão vivas na memória de Sílvio Jr.. ;Lembro de tudo. Do meu pai saindo do carro, pulando no fosso e retirando o menino. Não fui ao enterro por ser pequeno. Na verdade, soube da morte dele pelo Jornal Nacional;, conta.

Sílvio formou-se em Porto Alegre e fez residência no Hospital das Forças Armas (HFA) ; unidade médica onde seu pai ficou internado antes de morrer. ;Trabalhei sete anos lá. Nunca houve um desconforto, era super tranquilo. Me sentia em casa, em família;, brinca. A ideia inicial era voltar para o Sul, mas o médico foi aprovado num concurso da Secretaria de Saúde e começou a trabalhar no Hospital de Base (HBDF), em 2003.

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