Cidades

UnB investiga protesto com ataques homofóbicos e racistas no campus

Com bombas, roupas pretas e bandeiras do Brasil, grupo agrediu estudantes no Instituto Central de Ciências (ICC), na noite desta sexta-feira (17/6)

postado em 18/06/2016 09:50

A Universidade de Brasília (UnB) investiga a atuação de um grupo de manifestantes na noite desta sexta-feira (17/6) que resultou em ataques homofóbicos e racistas a estudantes que estavam no Instituto Central de Ciências (ICC), conhecido como Minhocão. Segundo relatos, os manifestantes chegaram ao local por volta das 20h, gritando palavras de protesto, exigindo a volta da ditadura militar. Eles ainda teriam feito o uso de bomba caseira. A instituição afirma que ainda apura o caso.

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O grupo chegou a caminhar pelo local. O prefeito do câmpus, professor Marco Aurélio de Oliveira, recebeu relatos de que, durante o protesto, alunos que passavam perto dos manifestantes eram agredidos verbalmente, principalmente com frases racistas. ;Sabemos que a ação foi muita rápida. As informações ainda são muito desencontradas. Na segunda-feira (20/6), vamos intensificar a busca de depoimentos de alunos e funcionários que estavam de plantão;, detalhou.

Dois estudantes registraram ocorrência na 2; Delegacia de Policia (Asa Norte). Em depoimento, eles disseram que estavam saindo do ICC em direção ao estacionamento, quando foram abordados pelos manifestantes. Os universitários disseram que o grupo ameaçou agredi-los. A dupla de alunos teria ainda sido seguida por um motociclista vestido todo de preto. O homem arremessou objetos no carro dos alunos. A Polícia Civil investiga o fato.

Na redes sociais circula um vídeo em que pessoas vestidas de preto e com camisas da seleção brasileira agridem estudantes da instituição. "Eu sou empresária, pago imposto carissímo pra manter esse parasita. Gay, safado, parasita", grita uma mulher a um aluno. O vídeo também mostra o momento em que uma bomba caseira é lançada no ICC. Entre as manifestantes, aparece Kelly Bolsonaro, ativista de direita, que invadiu o campo do Mané Garrincha durante o jogo do Flamengo e Fluminense, em fevereiro deste ano. Na ocasião, ela levantou um cartaz exigindo a saída da presidente Dilma Rousseff.

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DCE se manifesta

Em sua página no Facebook, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB diz que o grupo de pessoas fez a manifestação usando megafones e tambores na entrada do ICC Norte, durante o horário de aula da noite.


"Após a reclamação de alguns alunos devido ao barulho, que estava atrapalhando as aulas, os mesmos manifestantes reagiram com gritos ofensivos e preconceituosos, além de ameaçarem estudantes e soltarem dois ;cabeções; no local".


"O DCE repudia esse ato de violência e intolerância. Não podemos aceitar atitudes como essa em nossa universidade, que são uma agressão a toda a comunidade da UnB. Acreditamos que a universidade é um espaço simbólico de debate e reflexão e, em razão disso, é importante que seja palco de manifestações políticas. No entanto, o respeito à pluralidade de ideias deve estar em seu fundamento."


Ainda de acordo com o diretório, até o momento, as pessoas envolvidas não foram identificadas como alunos da UnB. "Estamos em contato com os presentes no local e com a Administração da UnB para tomar as medidas necessárias."

Em uma página nas redes sociais intitulada "Ato contra o discurso de ódio, o fascismo e a violência na UnB", representantes de diversos Centros Acadêmicos da universidade convocam a comunidade acadêmica para um ato contra os ataques sofridos pelos estudantes da instituição na última sexta. A convocação é para a próxima segunda-feira (20/06), a partir das 12h, no espaço conhecido como Ceubinho.

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