postado em 04/01/2015 07:30
A indicação do novo diretor do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), feita na última sexta-feira (2/1) pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), não durou um dia. Antes mesmo de ser nomeado, Antônio Fúcio de Mendonça Neto desistiu ontem do cargo. Motivo: o desgaste de ter 50 multas cometidas em 2006 (entre março e outubro) e um processo em andamento, no qual o órgão que ele iria dirigir cobra o pagamento de R$ 6,3 mil pelas infrações. O processo corre na 2; Vara da Fazenda Pública do DF desde julho de 2008. O último andamento é de dezembro do ano passado. Atualmente, ele tem oito pontos na carteira de habilitação e uma notificação.
Em entrevista ao Correio, antes de desistir do cargo, Fúcio reconheceu apenas parte das infrações. As causas das multas são variadas, como excesso de velocidade. Ele explicou que a confusão teria acontecido porque não atualizou o endereço de um veículo emplacado em Goiânia. Dessa forma, as infrações foram enviadas para Goiás, enquanto ele residia em Brasília. A transferência de endereço de veículo é obrigatória, conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
Em entrevista ao Correio, antes de desistir do cargo, Fúcio reconheceu apenas parte das infrações. As causas das multas são variadas, como excesso de velocidade. Ele explicou que a confusão teria acontecido porque não atualizou o endereço de um veículo emplacado em Goiânia. Dessa forma, as infrações foram enviadas para Goiás, enquanto ele residia em Brasília. A transferência de endereço de veículo é obrigatória, conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
No início da tarde, ele considerava que não teria problemas em assumir o órgão. Mas, pouco depois, comunicou ao governador que desistia da função. O problema não seriam tanto as infrações cometidas e sim o fato de ser parte de um processo contra o Detran.
Desde a campanha, Rollemberg pregou que nomearia apenas técnicos para áreas que assim exigissem. Mas acabou indicando para o Detran um nome sem conhecimento específico. Durante agenda oficial, ontem, o socialista chegou a garantir que a indicação seria mantida, mas ressaltou que Fúcio seria ;tratado como um cidadão comum;.
Antônio Fúcio é primeiro-secretário do PSB-DF, ao qual se filiou em 1998. Ele desconversou que a indicação teria sido política. ;O PSB nunca me indicou para cargo algum;, sustentou. Na carreira, trabalhou na Companhia de Planejamento do DF (Codeplan); na assessoria especial da Casa Civil da Presidência no governo Lula (PT); e foi secretário adjunto de administração do governo Dilma Rousseff (PT). Por último, ocupou a função de auditor-geral da Empresa Brasileira de Comunicação.
Servidores do Detran ficaram descontentes com a escolha e ameaçaram até greve caso ele não fosse substituído. ;O fato é gravíssimo, pois precisamos de pessoas que entendam os problemas do Detran. Ele tem de dar exemplo;, frisou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Detrans, Eider Marcos Almeida.
Três perguntas para Antônio Fúcio de Mendonça Neto
As infrações foram mesmo cometidas em 2006?
As multas são referentes a 2005, 2006 e 2007, pelo que sei. Meu carro era de Goiânia e, nessa época, não havia um sistema de integração interestadual relativo às multas. Quando houve a interligação nacional do sistema, o Detran nacional imprimiu todas as multas de uma vez. Umas tinham razão de ser e outras não. Tanto é que, em segunda instância, algumas eu ganhei. Não nego que fiz multas. Paguei todas e, hoje, quem me deve é o Detran. Não fui atrás para receber os valores.
Caso o senhor tivesse feito a mudança de endereço no Detran, acredita que o problema aconteceria?
Eu não mudei o endereço. O carro continuou vinculado ao endereço antigo, de Formosa (GO). Mas acredito que teria ocorrido o problema mesmo assim. Isso porque eles emitiram todas de uma vez só e algumas vieram erradas. Para a maioria, já tinha passado o tempo de recorrer. Como não consegui sucesso no Detran, procurei a Justiça.
O fato de não ser técnico da área poderia atrapalhar?
Fui convidado por Rollemberg porque a meta dele é desburocratizar o serviço do órgão. Convivo com ele há 18 anos. Não era o meu desejo, mas me senti honrado com o convite. A ideia do governador, por exemplo, é dar celeridade aos processos. Hoje, as pessoas esperam durante um bom tempo para resolver alguns serviços. E eu tenho larga experiência na administração pública. Ele queria um gestor e, além disso, quebrar aquela questão corporativa dentro do Detran.
Colaborou Isa Stacciarini