postado em 15/10/2014 06:34
Uma nova denúncia de racismo em Brasília traz à tona, mais uma vez, o debate a respeito de preconceitos ainda existentes. A ex-secretária de Igualdade Racial do DF e advogada Josefina Serra, 53 anos, prestou queixa na última segunda-feira contra uma policial militar por racismo, ameaça, tortura e intimidação. Hoje, a vítima concede entrevista coletiva, às 10h, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do DF, onde esclarecerá detalhes sobre o caso, registrado na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul). Também participa da coletiva o coronel Marcos Araújo, secretário-geral da PM, que dará informações sobre as providências a serem tomadas pela corporação sobre o assunto.O episódio denunciado por Josefina teria acontecido no último dia 7, na Esplanada dos Ministérios. Segundo a advogada, ela estaria passando em frente ao Museu Nacional quando viu alguns PMs abordarem um grupo de jovens. ;Notei que os policiais liberavam os rapazes brancos, mas continuavam interrogando os negros e decidi me aproximar;, descreve.
A ex-secretária conversou com alguns dos jovens e, quando estava se afastando, uma policial negra se dirigiu a ela. ;Ela me mandou parar, mas achei que não era comigo e continuei andando. Então, ela disse que atiraria se eu não parasse;, conta Josefina. Ela relata ainda que teria sido revistada de forma violenta e impedida de usar o celular. ;Mostrei minha carteirinha de advogada para os PMs. Eles responderam dizendo coisas como ;Quer dizer que a ;neguinha; é advogada? Quem vai acreditar em palavra de neguinha contra a de policiais?;;, acrescenta. Diante da agressão, Josefina formalizou uma denúncia na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), que foi protocolada sob o n; 127.3849/2014, pela agente Daniele Mesquita Martinez.
[SAIBAMAIS]Josefina foi a primeira secretária de Promoção da Igualdade Racial do DF, órgão criado em agosto de 2011, cargo que exerceu até outubro de 2013. Quilombola, natural do Maranhão, ex-empregada domestica, Jô, como é conhecida, considera o episódio como o que a mais lhe causou indignação em toda a vida. A PMDF foi procurada pelo Correio Braziliense, mas, segundo Divisão de Comunicação, a corporação não tinha conhecimento oficial do episódio.
Assista a reportagem da TV Brasília:
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