postado em 22/05/2014 06:00
Brasília escreveu capítulos importantes na história do futebol brasileiro, desconhecidos por muita gente. Se os jovens brasilienses aguardam ansiosos para ver jogar craques como Neymar e Cristiano Ronaldo, na Copa do Mundo deste ano, antigos moradores viram passar por gramados candangos nomes consagrados mundialmente, como Pelé, Tostão, Sócrates e Garrincha. Times de ponta do Brasil travaram duelos no extinto Estádio Pelezão, hoje ocupado por condomínios residenciais. Em outros campos do Distrito Federal, brilharam também as seleções brasileiras de 1974 e 1982.
Tudo está registrado em fotografias, algumas inéditas. As imagens raras desses momentos históricos fazem parte do acervo do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF). O órgão também guarda registros nunca publicados do início do futebol na capital, como o protótipo de um Campeonato Brasiliense, realizado em 1958, quando os principais times eram formados pelos operários dos acampamentos das construtoras.
Rabello, Pederneiras, quase todas tinham um representante nas competições pioneiras. Do governo local, também saíram equipes como o Defelê, formado por funcionários do Departamento de Força e Luz da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Mas o futebol foi deixando de ser amador e, em 1976, Brasília sediou o primeiro torneio profissional, em que equipes como Brasília, Taguatinga e Gama começaram a se destacar.
Palco de feras
Nas décadas de 1960 e 1970, o Estádio Pelezão, localizado no Setor de Oficinas Sul (Sof Sul), recebeu grandes nomes do futebol nacional. Fotografias do ArPDF mostram Pelé defendendo o Santos diante da Seleção Amadora de Brasília, em maio de 1967, no estádio em que, nos anos 1990, foi tomado por barracos de sem-teto e depois acabou extinto para dar lugar a prédios residenciais. Contra a mesma equipe da capital, no mesmo campo, ficou registrada nas lentes e no arquivo a atuação do ídolo botafoguense Mané Garrincha pelo Flamengo, dois anos depois. Ainda no Pelezão, jogaram Grêmio e Atlético-MG, como mostram as imagens digitalizadas do Arquivo Público.
O Pelezão recebeu as principais partidas no DF até 1974, quando foi inaugurado o Estádio Mané Garrincha, que, à época, se chamava Governador Hélio Prates da Silveira ; só no fim da década de 1970 o craque recebeu a homenagem. Fotografias e documentos do ArPDF preservam a memória da construção do então maior estádio brasiliense. Entre eles, está a autorização para o início da obra, em 1972, assinada pelo governador do DF à época, Hélio Prates.
A ideia inicial, de acordo com o documento, era construir um estádio para 100 mil pessoas, mas o projeto ficou incompleto e o anel superior não foi concluído. Dessa forma, o estádio nunca teve autorização para receber mais de 50 mil pessoas. Fotografias mostram os jogos da Seleção Brasileira contra o Haiti e o time de Brasília, em 1974, durante visita do secretário de Estado dos Estados Unidos à época, Henry Kissinger, durante a ditadura militar. Na imagem, uma faixa menciona a presença dele e do presidente Ernesto Geisel.