postado em 31/01/2014 06:00
O corpo mole feito por policiais militares no atendimento das ocorrências tem levado a violência à porta da casa dos brasilienses. O clima de insegurança aumenta a cada nova ocorrência registrada na cidade. Em cinco horas, pelo menos cinco pessoas foram assassinadas na capital federal. O número de mortes violentas chega a 73, sendo 68 homicídios e cinco latrocínios (roubos com morte) ; a média é de 2,4 casos por dia. Os ataques contra a vida superam em 37,7% a quantidade registrada no mesmo período de 2013.Em Águas Claras, próximo à Rua 34, onde o jovem Leonardo Almeida morreu na noite de terça-feira, uma dona de casa de 50 anos acabou rendida e teve o Corsa prata, a bolsa e o celular roubados cerca de 20 minutos após o homicídio. Os bandidos apontaram uma arma para a cabeça da vítima. ;Vi os homens levando o carro. Uma amiga dela ligou a fim de passar a placa do carro para a polícia ir atrás, mas a moça que atendeu fez pouco caso, nem sequer anotou. Quando ligamos depois, ela não sabia o número, e tivemos de passar novamente. Vimos a falta de vontade da polícia;, disse a filha da vítima.
[SAIBAMAIS]A violência seguiu no Distrito Federal durante o dia. No comércio da 412 Sul, por volta das 11h, o flanelinha Jurandi dos Santos Silva, 32 anos, levou um tiro na perna. O autor do disparo, um policial militar à paisana, tentou impedir a abordagem do vigia a uma estrangeira que saía de um supermercado. Os investigadores do caso não informaram se o homem queria praticar um assalto ou pedir dinheiro à mulher. O PM agiu ao ouvir o grito da mulher. E atirou contra o flanelinha depois de brigar e ser ameaçado com uma faca, segundo testemunhas. O flanelinha recebeu atendimento no Hospital de Base do Distrito Federal e não corre risco de morte.
A quadra comercial da Asa Sul é visada por criminosos. Na madrugada da última segunda-feira, bandidos arrombaram uma lavanderia, causando um prejuízo de mais de R$ 10 mil. No dia seguinte, mesmo com o registro de uma ocorrência e a denúncia à PM, ladrões tentaram novamente invadir o local, mas desistiram antes de quebrar a porta de ferro. ;É covardia o que a PM faz com a população;, reclamou uma funcionária, que preferiu não se identificar.
Sem esperanças com a segurança pública, alguns empresários investem para inibir a ação da criminalidade. Recentemente, o dono do BSB Grill, Lúcio Bittar, instalou 18 câmeras, sistema de alarme e contratou dois seguranças. Estima gastar, mensalmente, quase R$ 4 mil para manter a segurança do estabelecimento. ;Percebemos que a violência explodiu de seis meses para cá. Se não tomarmos a iniciativa, ficaremos à mercê dos bandidos. É triste pagar por um serviço que deveria ser prestado pelo Estado, mas não há outra forma;, lamentou o empresário.
Ainda na 412 Sul, uma franquia da rede de fast-food Subway foi assaltada cinco vezes nos últimos quatro anos. ;Como só nós ficamos abertos de madrugada, eles (os assaltantes) se sentem à vontade. A polícia até passa uma ou duas vezes por aqui, mas é tão rápido que eles nem se sentem inibidos;, disse. Um grupo internacional de lanchonetes estuda suspender temporariamente o atendimento na madrugada por causa da violência na capital federal.