A criança vítima de violência tem predisposição para reproduzi-la na adolescência. A conclusão de especialistas é ratificada quando há uma investigação da vida do jovem infrator. Levantamento da Promotoria de Defesa da Infância e da Juventude revela que menores de 18 anos praticaram 1.853 atos infracionais graves nos primeiros sete meses do ano. A maior parte cometeu homicídio, tráfico de drogas e roubo. Em quase todos os casos, a família desestruturada contribuiu para o desvio de personalidade do adolescente.
O Correio conversou com um garoto de 17 anos, que vive em liberdade assistida. Marcos* cometeu o primeiro delito aos 12 anos, no Pedregal, bairro do Novo Gama (GO), município do Entorno. Na ocasião, furtou dinheiro do caixa de uma padaria. ;O dono descobriu. A polícia me bateu muito e me liberou. Nem me levou para a delegacia;, relembrou.
Dois anos depois, Marcos entrou de vez para o mundo do crime. Morando em São Sebastião, passou a roubar e a traficar. Também usava maconha e cocaína. Entrou para uma gangue, pegou em arma e tentou matar dois desafetos. ;Só não morreram por sorte. Passei pelo Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado) duas vezes. Sei que o que fiz é errado, mas, com a vida que a gente leva, não tem muita chance de crescer bonzinho;, reconheceu.
Assim como milhares de jovens envolvidos com a criminalidade, Marcos é de família pobre, criado só pela mãe ; o pai desapareceu quando ele tinha 2 anos. Recebeu educação de um padrasto violento. ;Ele me batia de sair sangue. Eu só não o matei quando cresci porque a minha mãe se separou antes;, contou, com amargura.
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