postado em 28/08/2012 06:30
O segundo turno das eleições para a escolha do próximo reitor da Universidade de Brasília (UnB) ocorrerá com uma participação maior da comunidade acadêmica. Após a primeira votação conturbada, na qual muitos professores pediram o adiamento do processo em decorrência da greve dos docentes, dois candidatos ao cargo máximo da instituição se enfrentarão em segundo turno. O professor da Faculdade de Tecnologia Ivan Camargo e a docente do Instituto de Geociências Marcia Abrahão disputarão os votos de milhares de eleitores até 11 de setembro, quando se iniciam as votações.Na primeira etapa, Camargo ficou em primeiro lugar, com 25,21% na preferência do eleitorado. Marcia conquistou 21,58%. Ao todo, foram 9.152 votos de 1.819 professores, 5.783 estudantes e 1.550 servidores. Com a escolha dos dois concorrentes para continuar na disputa, as eleições ficaram polarizadas. De um lado, o professor da Faculdade de Tecnologia se declarou abertamente como oposição à atual gestão. Já a educadora do Instituto de Geociências tem opiniões contrárias e afirmou não ser filiada a nenhum partido político e jamais ter trabalhado para algum governo.
Qual é o balanço que o(a) senhor(a) faz do primeiro turno das eleições?
Ivan Camargo ; Foi excepcional em termos de participação, de votos, principalmente porque a nossa chapa chegou em primeiro. O nosso movimento tem particularidades. Foi criado por vários diretores, um movimento claramente de oposição, que achava que a gestão estava atrapalhando o trabalho dos professores, atrapalhando o trabalho da academia. Evidentemente, fazer a campanha durante a greve atrapalhou. Nós tínhamos pouco contato com as pessoas, íamos nas unidades e falávamos com meia dúzia, 10 pessoas. Mas isso era para mim e para todos os outros 10 candidatos, exatamente as mesmas condições.
Marcia Abrahão ; A eleição foi muito tranquila. Essa é a minha primeira experiência e, no nosso caso, alegre, que é o meu perfil. Nós nos propusemos e conseguimos fazer uma candidatura integradora, com pessoas de diferentes áreas e de diferentes câmpus. Uma eleição e com jovens, isso é muito motivador. Acho que todos os candidatos se portaram dentro do esperado e, da nossa parte, saímos felizes porque conseguimos passar para a universidade o que nós somos. Somos acadêmicos, um grupo formado por professores universitários com fortes fundamentações acadêmicas, que é o meu perfil, perfil do nosso grupo.
O(A) senhor(a) é a favor da paridade? Ela ajudou ou influenciou o resultado?
IC ; Eu acho a paridade um problema menor. Houve toda essa discussão na universidade e eu gostaria muito que o próximo reitor seja eleito com a maioria dos votos dos três segmentos. É para isso que nós vamos lutar. Vamos conversar, entender os anseios de todos para que a universidade saia unida após as eleições. O reitor trabalha com o conselho e faz o que ele determina. A universidade definiu que a forma de eleição seria assim e encerramos a questão, já discutimos. Isso é bonito na democracia, mas, agora, está definido. Entrei nesta eleição sabendo das regras e vamos trabalhar com elas.
MA ; Nós somos a favor da paridade para a escolha do reitor porque achamos que ela faz com que a complexidade da universidade possa ser exposta e explorada num processo eleitoral. Uma universidade que tem 50 mil pessoas é uma comunidade, uma cidade com perfis, formas e necessidades distintos. Aqui, é uma academia, um local de formação, mas é também uma comunidade e, com isso, a paridade acaba se refletindo. Mas, nesse primeiro turno, a paridade não influenciou em nada. Já foram feitas simulações e o resultado seria o mesmo sem ela.