postado em 17/06/2012 08:49
Quando Lucio Costa escreveu que o projeto do Plano Piloto surgiu praticamente pronto, deu a entender que o santo baixou e ele, num lampejo, criou a capital. Do mesmo modo, há a sensação de que Oscar Niemeyer, incorporado por uma entidade arquitetônica, projetou os palácios de Brasília num átimo de tempo criativo. Muito longe disso. Tanto o arquiteto quanto o urbanista gastaram muita ponta de lápis para transformar o vazio do papel em genial invenção. O próprio Niemeyer, ao descrever o processo de criação das obras da nova capital, não revela o quanto ele ralou, foi e voltou, voltou e foi, para criar alguns dos mais belos palácios da história da arquitetura moderna.
Para descobrir, afinal, quanta pestana o arquiteto queimou até chegar aos projetos finais dos quatro primeiros palácios de Brasília ; o do Alvorada, o do Planalto, o do Supremo Tribunal Federal e o do Congresso Nacional ; o também arquiteto Elcio Gomes da Silva produziu e defendeu, em abril passado, na Universidade de Brasília (UnB), uma tese de doutorado de 1.200 páginas. Os palácios originais de Brasília percorre as pegadas de Niemeyer, do engenheiro Joaquim Cardozo, das construtoras, dos fornecedores de material de construção, dos mestres de obra dos quatro palácios para reconstituir o ato mesmo da criação. Investiga também as mudanças ocorridas nas edificações desde então. ;Fiz essa tese para aprender arquitetura;, diz Elcio Gomes, arquiteto de prancheta e de pesquisa acadêmica. Ele é autor, junto com Danilo Macedo e Fabrício Sobreira, do projeto da sede da Fundação Habitacional do Exército, no Setor Militar Urbano, escolhido em concurso público.