Cidades

Construção de pista exclusiva para bicicletas no Sudoeste está atrasada

Flávia Maia
postado em 08/01/2012 08:06
A ciclovia do Sudoeste mal saiu do papel e já é alvo de críticas por parte de moradores e de usuários da via. Com prazo de conclusão marcado para o fim de dezembro do ano passado, a obra ainda caminha, denunciando que, além de atrasada, muito ainda precisa ser feito para garantir o trânsito seguro para bicicletas. Em vários trechos da via, onde o ciclista é obrigado a descer do veículo para atravessar a rua, são necessárias placas de sinalização, mas elas ainda não foram instaladas. Além disso, faltam faixas de pedestres.

Em outros pontos do trajeto, há pegadas e marcas de pneus de bicicletas deixadas no cimento fresco. Fissuras e rachaduras no pavimento também incomodam quem passa pelo local. Embora ainda não tenha sido finalizada, a ciclovia do Sudoeste está aberta ao público, mas muitos desconhecem a finalidade da via, usada por grande parte das pessoas como ponto de caminhada.

A pista para bicicletas passará não apenas no Sudoeste, mas por parte da Octogonal e do Cruzeiro. Ao todo, serão 24km. No Sudoeste e na Área Octogonal Sul, especificamente, serão 18km, dos quais metade é de competência da iniciativa privada, como compensação urbanística pela construção da Quadra 500, enquanto os outros 50% são de responsabilidade do Governo do Distrito Federal (GDF).

Além de estar sendo utilizada por pedestres e praticantes de corrida, a ciclovia não conta com avisos nos principais pontos de travessia

Segundo o administrador do Sudoeste e da Octogonal, Marcelo Ceciliano, 60% da obra já foi entregue pela Oeste-Sul Construtora ; dona de lotes na Quadra 500. Ceciliano destaca que a parte a ser executada pelo governo não foi iniciada porque o processo de licitação ainda está em curso.

O arquiteto da Oeste-Sul Alex Burton admite algumas falhas na obra, mas, segundo ele, todas serão reparadas antes da entrega. ;A oscilação do tempo em Brasília gerou rachaduras no concreto, que é um material sensível. Além disso, a chuva atrasou os serviços de pavimentação e pintura;, esclareceu. ;Isso tudo será refeito e, no prazo de 15 dias, no máximo, entregaremos tudo pronto;, garantiu. A ciclovia foi orçada pela empresa em R$ 2,5 milhões.

Perigos

Ontem, a reportagem do Correio flagrou o professor Regiano Alves, 43 anos, e o filho dele, Pedro Alves, 7, transitando de bicicleta pela ciclovia do Sudoeste. Após algumas pedaladas, eles se depararam com o fim da pista e, ao tentar atravessar a rua, com o grande fluxo de carros. Após alguns minutos, eles conseguiram seguir em segurança. ;Ainda falta sinalização. Isso aqui ainda é perigoso. Mesmo assim, resolvi trazer o meu filho para passear. Se ele quisesse vir sozinho, seria diferente. Com certeza, não deixaria;, pontuou Regiano. ;Se até eu tenho que tomar cuidado, imagine uma criança ou um adolescente;, arrematou.

Segundo o administrador do Sudoeste e da Octogonal, o órgão vem recebendo ligações de moradores reclamando dos problemas da ciclovia. Ele afirma, contudo, que técnicos analisam constantemente o trabalho realizado pela empresa, por isso, solicitaram a reconstrução de alguns trechos danificados. ;A obra não vai ficar do jeito que eles quiserem entregar. Antes disso, vamos fazer outras vistorias. Se houver mais falhas, a empresa terá de solucionar;, afirmou. ;Tem também a garantia durante cinco anos, período em que qualquer problema apresentado deverá ser corrigido.;

Ao andar pela ciclovia com alguns alunos, o professor de educação física Luiz Roberto Gonzaga, 43 anos, se surpreendeu com a quantidade de rachaduras. Indignado com a situação da pista recém-construída, ele tirou fotos para registrar os problemas. ;Parece que isso não vai durar três meses. Na próxima chuva, a tendência é arrebentar ainda mais;, analisou. ;Acho que também falta espaço para o concreto dilatar. Isso, com certeza, está mal feito;, argumentou.

A construção da ciclovia pela Oeste-Sul começou no início de outubro passado, mas, enquanto a construtora não terminar o pacote de compensações por danos urbanísticos e ambientais, não poderá começar os empreendimentos imobiliários. A Quadra 500 foi autorizada em junho de 2011, após vários embates judiciais. Estão previstos 22 prédios residenciais e seis comerciais para abrigar 40 mil moradores. Na lista de compensações a serem cumpridas pela Oeste-Sul estão também alargamento de pistas, plantio e manutenção de árvores e a construção dos parques do Bosque e do Sucupira. A empreiteira desembolsará cerca de R$ 30 milhões no pacote de melhorias.

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