Um desentendimento entre dois colegas de turma terminou em agressão na Escola Parque da 303/304 Norte, na última sexta-feira. A briga começou no pátio da instituição e terminou no banheiro masculino. Um dos alunos, de 15 anos, ficou com a boca e os olhos roxos. O jovem suspeito de envolvimento no caso tem 14 anos e, segundo a família, se defendeu após o outro adolescente tentar agredi-lo. Eles não têm histórico de violência, de acordo com os parentes. A Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) investiga o episódio.
De acordo com o menino machucado, uma pergunta ocasionou toda a confusão. O rapaz que o teria atacado com três murros ; nos olhos e na boca ; estaria há dias sem ir à escola. ;Perguntei por que ele estava faltando. Aí, me deu um chute e um murro no olho. Fui para o banheiro lavar o rosto, e ele estava lá. Aí, me bateu mais. Tentei me defender e o empurrei;, contou Fernando*. As agressões só acabaram depois que um estudante viu a cena e chamou funcionários da escola.
O pai do adolescente mais novo confirma a versão do tal questionamento, mas explica que as agressões partiram de ambas as partes. ;O Paulo* respondeu que faltou porque quis, e o Fernando tentou dar um murro nele, mas não pegou. Ele achou que a confusão tinha acabado, mas eles se encontraram no banheiro e continuou;, contou o homem de 57 anos.
Segundo o responsável, depois das agressões, o filho ficou com medo de apanhar dos amigos de Fernando, pegou um ônibus e foi embora. ;Ele chegou em casa e nos contou tudo o que tinha acontecido. Voltamos para a escola e fomos direto para a direção;, diz. ;Não queremos confusão com ninguém, nem vamos passar a mão na cabeça. Eu e a mãe dele não apoiamos essas brigas, até porque o meu filho nunca tinha se envolvido em confusões;, afirma o pai de Paulo.
Transferência
Ontem à tarde, ainda com algumas marcas das agressões, o adolescente revelou ao Correio que não guarda mágoas do colega. ;Isso já passou. Não estou com raiva dele, não;, alegou. ;Todos os dias lemos a Bíblia e queremos o bem para as pessoas. Não vamos desejar nada de ruim para esse menino;, acrescenta a mãe de Fernando. A mulher conta que essa não é a primeira vez que o filho apanha dentro de uma escola. Em 2007, segundo ela, a agressão teria acontecido dentro de uma escola de Sobradinho. ;Uma menina deu um murro no rosto dele.;
O adolescente disse que não pretende mudar de escola, mas só quer voltar à instituição quando os hematomas desaparecerem. ;Eu sei que o meu filho é agitado, mas ele não merecia isso. Você manda o garoto perfeito para a escola, e ele volta irreconhecível. É muito doloroso;, desabafa a técnica em massoterapia. Fernando disse que essa foi a primeira discussão entre ele e o colega. ;Ele não era agressivo e nunca tinha demonstrado comportamento assim. Nós dois também não tínhamos brigado antes.;
Paulo prestou depoimento na manhã de ontem na DCA. O pai do jovem contou tirará o filho da Escola Parque. ;Ele e nós gostamos muito de lá, mas ele teve que sair porque estamos com medo de represálias;, contou. Na tarde de ontem, a reportagem foi até o colégio para conversar com a direção sobre o episódio, mas, até o fechamento da edição, a Secretaria de Educação não havia autorizado a entrevista.
*Nomes fictícios em respeito
ao Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA)
Memória
2011
Julho
Um adolescente de 15 anos
foi espancado por oito jovens, sendo cinco identificados como estudantes do Centro de Ensino Fundamental Caseb. Os agressores deram pauladas na cabeça do garoto, que resultaram em um coágulo no cérebro. A agressão aconteceu em uma parada de ônibus na 710 Sul.
2009
Outubro
Um jovem de 15 anos foi agredido por um colega de turma no Centro de Ensino Fundamental 416, em Santa Maria. A violência ocorreu depois que os dois discutiram em sala de aula. O jovem ficou desacordado, ao levar chutes e socos na cabeça.
Uma garota de 15 anos sofreu agressões de colegas até desmaiar ao deixar o Centro de Ensino Fundamental 2, em Riacho Fundo 1. Segundo a tia da vítima, a menina estava acompanhada da avó e do irmão, que também levaram chutes e socos.
Agosto
Uma adolescente de 15 anos sofreu agressões no Gama. A estudante foi abordada por duas colegas de classe, na Quadra 1 do Setor Sul, ao sair da Escola Classe n; 11. Após ser espancada, a garota foi levada ao Hospital Regional do Gama em estado grave.