Roberta Machado
postado em 13/03/2011 08:15
A cada ano, aumenta o número de casais que sobem ao altar no Distrito Federal. Mesmo em tempos de independência financeira e de uniões não oficiais, cresce o volume de noivos que fazem questão de oficializar o casório na igreja ou com uma grande festa. Em 2009, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou 16.312 novos casamentos celebrados na capital federal ; uma média de 44 por dia. O índice é 3,8% maior do que a quantidade de cerimônias realizadas no ano anterior: 15.703. O mercado avança desde 2003 (veja arte).O crescimento na quantidade de casamentos no DF engrossou a fila de noivas por um lugar para festejar o grande momento. Em algumas paróquias, o calendário se estende até o fim de 2012. Somente na igreja de São Judas Tadeu, na Asa Sul, foram celebrados mais de 150 casamentos no ano passado. O dia mais disputado pelas noivas é o sábado, que comporta até cinco cerimônias. A São Judas Tadeu tem casórios marcados para dezembro do próximo ano. A lista de espera está lotada até 2013, que abre em agosto.
Outra paróquia na mira das noivas brasilienses é a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Lago Sul. Só em 2010, foram realizadas 118 cerimônias. O calendário deste ano também está praticamente lotado. O missionário Maicon Goulart acredita que o crescimento na procura ocorre devido à volta das cerimônias religiosas tradicionais. ;Todos os anos tem aumentado a quantidade de casamentos, mas também a consciência da importância do sacramento;, arrisca o missionário.
Planejamento
Madalena de Sousa, gerente de uma rede de lojas de decorações especializada nesse tipo de festa, conta que é cada vez mais comum os noivos optarem por anteciparem os planos. Segundo ela, que trabalha no ramo há 15 anos, a estratégia é necessária para garantir a data com os fornecedores num mercado que se torna mais disputado. ;A cada ano, me surpreendo. Em 2011, tivemos de aumentar o número de funcionários para dar conta da demanda;, conta. No dia mais movimentado da loja, 15 mulheres dividem espaço para escolher os arranjos de flores.
Como isso, as noivas acabam por enfrentar ;horários de pico;, concentrados na hora de almoço, no fim da tarde e nas manhãs de sábado. Esses horários podem ser percebidos em locais como a Rua das Noivas, na 304/305 Norte. Os vendedores dizem que muitas noivas chegam direto do trabalho para escolher peças e provar doces e vestidos.
A nutricionista Paula Martins, 28 anos, corre contra o tempo para resolver tudo até o casamento, marcado para setembro. Na pressa para se casar após sete meses de namoro, ela terá de se contentar com um casamento em uma terça-feira, véspera de feriado. ;Não é a data ideal, mas é uma alternativa. Igrejas maiores não têm mais vagas, e eu não tive muito tempo de fazer uma pesquisa;, justifica. Para acertar cada detalhe, a noiva teve de dividir as férias entre os arranjos matrimoniais e a lua de mel. Até que a semana de folga marcada para o próximo mês chegue, ela apela para as lojas e os profissionais que aceitem atendê-la depois das 18h. Também usa a internet para escolher arranjos e peças de decoração.
Profissional
As mulheres que não dispõem de tempo para se dedicar a cada detalhe da festa acabam apelando para a ajuda profissional. ;É um processo bem árduo. Temos de correr atrás de fornecedores, fazer pesquisa de preço, identificar as possibilidades financeiras com o gosto da cliente;, explica o cerimonialista e organizador de eventos José Erimar de Oliveira Júnior. Especialista em casamentos, ele detalha que algumas festas contam com mais de 20 fornecedores. ;Tem noiva que trabalha 24 horas e não tem tempo para nada. Para que as famílias possam desfrutar da festa, uma ajuda é fundamental.;
O casório da empresária Milena Trindade, 27 anos, realizado em novembro, foi uma produção que contou com auxílio profissional. O comportamento, ela garante, é o mesmo das colegas que estão se casando quase na mesma época ; a empresária aguarda a confirmação de quatro novos casamentos das amigas para os próximos meses. ;Eu fui uma noiva que não fiz muito. Nossa festa foi fora dos padrões, fizemos um carnaval no nosso casamento. O cerimonialista facilitou muito desde o primeiro passo, e foi também uma proteção;, garante.
Mas depender de organizadores e da tecnologia para contornar as filas de espera nos fornecedores pode não ser a solução definitiva. A designer de moda Wes Rodrigues alerta: o processo de escolha dos preparativos de um casamento é muito pessoal, e itens como o vestido exigem tempo e dedicação. ;Temos de ver horários, tipo físico, estilo, cotidiano, referências. Eu monto um quebra-cabeças e isso requer tempo;, explica ela, que atende em uma loja especializada do ramo. Quem quer uma boa festa em Brasília, garante ela, precisa abrir mão de muito tempo e se planejar com mais de um ano de antecedência.