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Após nova reforma, a Igreja do Carmo, em Pirenópolis, reabrirá as portas

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postado em 08/11/2008 08:33
Dez anos após anunciado, o Museu de Arte Sacra de Pirenópolis (GO) finalmente deve sair do papel. O acervo ficará guardado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Erguida há quase 260 anos, ela passará por pequenas adaptações para receber imagens de santos, outros itens religiosos e peças do folclore goiano. As obras, coordenadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), devem ser concluídas em março e custarão R$ 100 mil aos cofres públicos. O templo passou por restauração de R$ 120 mil, concluída há sete anos, justamente para virar museu de arte sacra. Mas nunca foi aberto à visitação, por falta de entendimento entre o Iphan e os representantes da Igreja Católica em Pirenópolis. Em um primeiro acordo, o custo da restauração ficaria a cargo do Iphan. Essa parte foi cumprida. Faltou a contrapartida. Após a reforma, os religiosos alegaram não ter dinheiro para a montagem e manutenção do museu. Acesso proibido Agora, ambas as partes firmaram novo acordo. ;As novas autoridades católicas de Goiás aceitaram a proposta de transformarmos as três igrejas de Pirenópolis (veja quadro) em espaço de cultos religiosos e de contemplação dos turistas;, explica o arquiteto Sílvio Cavalcante, do Iphan. Até então, padres restringiam o acesso de visitantes aos templos, mesmo após restaurações realizadas pelo Iphan com dinheiro dos contribuintes. Parte do acervo que ficará exposto no museu de arte sacra ornamentava a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, demolida em 1944 por ordem da Diocese de Goiás. A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída a poucos metros da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, entre 1743 e 1757, por escravos da região. Sem as jóias e o ouro que os portugueses empregaram na ornamentação das igrejas dos brancos, a de Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis recebeu trabalho primoroso de entalhes e pinturas em madeira características do barroco brasileiro. Mas acabou desfigurada por sucessivas reformas. Após a demolição do templo feito e freqüentado por escravos e descendentes, suas obras de arte foram levadas para outras igrejas ou vendidas. Capela particular Construída entre 1750 e 1754, por escravos, em estilo colonial, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo fica à margem direita do Rio das Almas, logo após a famosa ponte de madeira que liga o centro da cidade ao bairro do Carmo. O templo foi erguido pelo minerador Luciano Nunes Teixeira para servir de capela particular à família Frota, muito influente na região naquela época. A fachada da igreja é compacta e de volumetria incomum. Tem um bloco central no esquema tradicional de porta em arco ao térreo e duas aberturas retangulares com gradis acima, sob um frontão triangular, e dois blocos laterais que surpreendem por não constituírem os esperados campanários tradicionais, sendo repetições em ponto menor do bloco central, mas com apenas uma abertura superior. O esquema do edifício é tornado aparente por divisões demarcadas entre as áreas de reboco liso. Cada bloco tem uma cobertura de telhado em duas águas. O interior exibe um belo trabalho em talha com uma delicada interpretação do rococó, especialmente nos altares do cruzeiro e na capela-mor, onde se expõe ainda significativa estatuária sacra. Reformas Em 1868, a igreja passou por alguns melhoramentos, além de reparos gerais e a colocação de soalho na nave da capela-mor. O Iphan a restaurou em 1992. Seis anos depois, foram feitas pequenas adaptações para guarda do acervo sacro do que viria a ser o museu mais importante da cidade de 20 mil habitantes. Passou por outra restauração em 2001. Desde então, o templo permaneceu fechado, abrindo somente duas vezes por ano: para as procissões de Nosso Senhor dos Passos (sábado antes do Domingo de Ramos), e na Procissão do Encontro (Domingo de Ramos). Agora, recebe novos reparos para finalmente ser aberta à visitação. A obra, segundo o Iphan, deve ser concluída em seis meses. Outros tesouros Matriz Nossa Senhora do Rosário Construída em 1732, tornou-se um dos mais importantes templos católicos de Goiás. Em setembro de 2002, um incêndio destruiu o telhado e a parte interna do prédio. O fogo consumiu todos os elementos artísticos da igreja ; altar-mor, arco do cruzeiro, forro da capela-mor e quatro altares menores. Pouco mais de um ano depois, começou a reconstrução da Matriz, que consumiu R$ 5,5 milhões. O trabalho acabou em março de 2006. Nosso Senhor do Bonfim É o segundo templo mais antigo de Pirenópolis. Guarda, entre outras obras de arte, uma imagem de Jesus Cristo do século 18, feita em madeira e trazida de Salvador (BA) quando a cidade era capital do Brasil. Há quatro anos, passou por uma reforma que custou R$ 122 mil. O dinheiro foi usado em nova pintura, troca de parte do telhado e do piso de madeira. Também foi trocada a fiação e houve um desaterramento das laterais do prédio, para evitar inundações e estragos causados em época de chuvas.

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