Agência Estado
postado em 09/04/2017 14:07
O juiz federal Marcos Josegrei, responsável pela Operação Carne Fraca, manteve, neste sábado (8), a prisão preventiva do médico veterinário Flavio Evers Cassou, da Seara, pertencente à JBS. O funcionário é investigado por "entregar dinheiro" aos fiscais do Ministério da Agricultura Daniel Gonçalves Filho e Maria do Rocio, apontados como líderes da organização criminosa que se instalou na pasta para defender os interesses de empresários do setor agropecuário em troca de propinas.A operação, deflagrada no dia 17 de março, revelou um esquema de corrupção nas superintendências regionais do Ministério da Agricultura, nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná, que envolvia fiscais federais e empresários dos maiores frigoríficos do País. De acordo com a PF, os agentes públicos investigados recebiam propinas para emitir certificados sanitários a carnes estragadas e adulteradas.
Em decisão que manteve Flávio Cassou preso preventivamente, o juiz Marcos Josegrei afirma que "livre", o veterinário da JBS "certamente, trabalhará ativamente para destruir provas e, dadas as redes de contatos que possui em todas as áreas, atuar para inviabilizar o avanço das investigações".
"É caso típico de reiteração criminosa que, evidentemente, não vai se estancar com outras medidas que não seja a de privação cautelar de liberdade. O risco para a saúde pública, para a ordem pública enfim é enorme e deve ser cessado de forma eficaz", anota o magistrado.
Segundo investigações da Polícia Federal, o funcionário da JBS conversava com a fiscal do Ministério da Agricultura Maria do Rocio sobre "a entrega a ela de carnes, produtos alimentícios ou mesmo dinheiro, utilizando sempre ;apelidos; (balde, processo, dedos e luvas) para evitar falar diretamente a respeito do que seja pelo telefone."
Para os investigadores, a partir da análise de uma série de diálogos grampeados, "fica claro que Flavio Evers Cassou leva produtos e dinheiro para Maria do Rocio."
O juiz federal Marcos Josegrei constata ainda que o funcionário da JBS "chegou até a liberar cargas com o uso do acesso a sistemas internos do MAPA/PR, do qual tinha acesso com login e senha próprios, para atender aos interesses da Seara."
Com a palavra, a JBS - A assessoria de imprensa da JBS informou, por telefone, que o comunicado enviado pela companhia representa todas as empresas do grupo. Entre empresas investigadas pela Operação Carne Fraca estão algumas de propriedade da JBS, como a Seara e a Big Frango.
Comunicado JBS
Em nota, a JBS A JBS diz que "não compactua com qualquer desvio de conduta de seus funcionários e acompanha o caso para tomar todas as medidas cabíveis". Além disso, a empresa afirmou que "não vai se manifestar sobre o conteúdo da investigação nem do depoimento, uma vez que a defesa do funcionário segue de forma independente."A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.
A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.
A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.
A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos - seja na produção e/ou comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.
São Paulo, 17 de março de 2017,
Com a palavra, a JBS - 2 - Sobre a operação da Polícia Federal, a JBS esclarece que "qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. A JBS exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. É anualmente auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes.
No Brasil, há 2.000 profissionais dedicados exclusivamente a garantir a qualidade dos produtos JBS e das marcas Friboi e Seara. Todos os anos, 70 mil funcionários têm treinamento obrigatório nessa área.
No despacho da Justiça, não há menção a irregularidades sanitárias da JBS. Nenhuma fábrica da JBS foi interditada. Ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais. Um funcionário da unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação. A JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis.
Por fim, a JBS reforça seu comprometimento com a qualidade de seus produtos e reitera seu compromisso histórico com o aprimoramento das práticas sanitárias.