Brasil

Marcha das Flores pede o fim da violência contra a mulher na Esplanada

Marcha realizada na manhã deste domingo leva flores à Estátua da Justiça, na Praça dos Três Poderes

Leonardo Fernandes - Especial para o Correio
postado em 29/05/2016 14:24

Mulheres protestaram com as mãos manchadas de vermelho para simbolizar o sangue

Na manhã deste domingo (29/5) cerca de 1.500 pessoas participaram da chamada Marcha das Flores - 30 contra TODAS, na Esplanada dos Ministérios. O evento foi organizado por movimentos feministas pela internet em resposta ao crime violento em que uma adolescente de 16 anos foi estuprada por 33 homens, no Rio de Janeiro.

A concentração aconteceu no Museu da República, onde houve a apresentação do grupo de percussão Batalá. Em seguida, para dar início à marcha, os manifestantes fizeram uma contagem regressiva a partir do número 33 chegando a ;nenhum;, simbolizando a desejada eliminação da violência contra mulheres.

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Uma das organizadoras, Keka Bagno, diz que o evento quer fazer pressão para que os crimes contra a mulher não fiquem impunes. ;Também queremos chamar a atenção das autoridades e da sociedade sobre a cultura do estupro, que chegou a marca de um estupro a cada 11 minutos no Brasil;, comenta Keka. Disse também quererem também fortalecer as mulheres a denunciar os casos, a romper com o processo de silêncio. ;Sabemos que pra mudar isso devemos começar desde cedo, na educação, e avançar no âmbito profissional, equiparando salários entre homens e mulheres e, principalmente nos espaços políticos, que as mulheres também devem ocupar;, complementa Keka.

Os manifestantes foram caminhando até a Esplanada dos Ministérios entoando vários gritos de guerra pelo amor e respeito às mulheres e contra o machismo, o racismo e a homofobia. Houve gritos também contra o presidente em exercício Michel Temer, o deputado Jair Bolsonaro e o Ministro Gilmar Mendes.

Ao chegar na Praça dos Três Poderes, os manifestantes se aglomeraram em frente à cerca posta ao redor do Supremo Tribunal Federal (STF), impedidos de chegar próximo à Estátua da Justiça. Após uma primeira tentativa de concluir o ato arremessando as flores dali mesmo, a emoção do momento os levou a empurrar as grades até rompê-las, levando todos a ocuparem a frente do STF.

Desta vez sim, após nova contagem regressiva a partir de 33, todos arremessaram flores aos pés e no colo da Estátua da Justiça. Na marquise do prédio, estenderam um varal com 33 calcinhas manchadas de vermelho e escreveram palavras contra o estupro, sempre intercalando vários gritos de ordem.

Ao fim, várias mulheres se ajoelharam com as mãos dadas ao alto e entoaram o Hino Nacional.


Campanha na internet

Para demonstrar repúdio ao crime do Rio de Janeiro e pedir punição, uma brasiliense criou, na última quinta-feira, uma petição na plataforma Change.org pedindo que o Twitter envie para a Polícia Civil do RJ as informações dos perfis que compartilharam o vídeo do estupro. Até a publicação desta matéria, a meta de 25 mil signatários estava perto de ser atingida, faltando cerca de 135 assinaturas.

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