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Brasil cai em ranking de igualdade de gênero e fica atrás de Sri Lanka

Dados do Forum Econômico Mundial mostram ainda que os salários de profissionais do sexo feminino só vão se equiparar aos dados ao sexo masculino em 118 anos

postado em 19/11/2015 18:39

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O que se deve levar em consideração ao comparar a igualdade dos gêneros no mundo? Para o Fórum Econômico Mundial, participação e oportunidade econômica, acesso a saúde e educação e empoderamento político. E de acordo com essas premissas, o Brasil está abaixo da média na igualdade entre homens e mulheres.

Nos dados mais recentes divulgados pelo Fórum, o Brasil ocupa a 85; posição entre 145 países, atrás, por exemplo, de Tailândia, Vietnã e Sri Lanka. As informações são do relatório Global Gender Gap de 2015, realizado desde 2006 pelo Fórum Econômico Mundial. O resultado brasileiro representa uma queda de 14 posições em relação ao ano passado. De acordo com o relatório, um dos motivos está na redução do número de mulheres em ;cargos ministeriais; neste ano - passou de 26% para 15%.

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A Coordenadora de Políticas para as Mulheres do GDF, Renata Peixoto, disse ao Correio que há muitos aspectos a serem analisados no âmbito da igualdade de gênero, e que o relatório mostra uma visão generalizada. ;Não tem como comparar o Brasil com países como Burundi e África do Sul. Há uma complexidade de questões;, argumenta, relativizando a metodologia da pesquisa.

Peixoto, porém, classifica esse resultado como fruto da história país. ;Como a mulher foi vista desde o início da formação do Brasil? Ela era coisificada, animalizada;, afirma. Para a gestora, o machismo, o sexismo e o sistema patriarcal ainda são vigentes no país e, embora o processo de mudança já tenha avançado, ;ainda há muitos conceitos que precisam ser desconstruídos;.

O pior desempenho do Brasil foi nas participações econômica e política, critérios nos quais ficou em 89; lugar. Para Renata Peixoto, esse índice pode ser explicado pelo fato de que, historicamente, faz pouco tempo que a mulher deixou de ocupar só o espaço privado (como dona de casa e mãe) e passou a ocupar também o espaço público. ;Antigamente, a mulher era vista como incapaz de pensar; a sociedade acreditava nisso. Quem pensava na política eram os homens;, declara.

Na educação, o país se saiu bem e teve nota máxima no índice, junto com outros 24 países; no quesito de saúde, a nota brasileira também foi máxima. Os índices não são relativos à qualidade da educação e da saúde, e sim à igualdade de acesso entre homens e mulheres. Para Peixoto, o bom desempenho do Brasil na educação se deve ao fato de que, no país, as mulheres têm formação melhor e passam mais tempo estudando. Mesmo assim, ela ressalta que a diferença na remuneração ainda é um problema no país. ;As estatísticas mostram que as mulheres ganham menos, mesmo com formação igual ou superior aos homens;, afirma. A pesquisa também aponta que, no atual ritmo de obtenção da equidade entre os sexos, as mulheres só terão salários iguais aos dos homens daqui a 118 anos. Atualmente, trabalhadoras mulheres recebem o equivalente ao que homens recebiam em 2006.

Nas primeiras posições do ranking global estão Islândia, Noruega, Finlândia, Suécia e Irlanda. O Reino Unido, a França e os Estados Unidos ocupam, respectivamente, a 18;, 15; e 28; posições. Entre os países da América Latina, a Bolívia, o Equador e o Chile têm classificações melhores do que a do Brasil.

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