Em 21 de abril de 1792 Tiradentes foi enforcado, no centro do Rio de Janeiro. O local da execução foi a Praça da Lampadosa, atual Praça Tiradentes.
Mas a estátua situada no meio da praça não é de Tiradentes, e sim de Dom Pedro I. Na foto, o monumento na época em que a área se chamou Largo do Rocio.
Tiradentes foi um mártir da Inconfidência Mineira, movimento de caráter republicano e separatista contra o domínio colonial português que ganhou força devido à política fiscal praticada por Portugal
A figura eternizada de Tiradentes é de um homem com cabelos longos e barba grande. A primeira pintura oficial de Tiradentes (foto) data de 1890. Décio Villares pintou Tiradentes justamente com este perfil semelhante à caracterização de Jesus Cristo
Mas Tiradentes, na verdade, nunca usou barba e tinha cabelos curtos. Por ser militar, ele poderia, no máximo, usar bigode. E, mesmo assim, discreto. Na hora em que foi morto, estava de cabelo raspado e sem barba. Ele era alto e magro.
Joaquim era alferes (uma espécie de tenente) da cavalaria de Dragões Reais de Minas, força militar que atuava na Capitania de Minas Gerais, subordinada à Corte Portuguesa.
Tiradentes passou seus últimos três anos na prisão. Ele foi preso em 10/5/1789 numa casa da Rua dos Latoeiros, hoje Gonçalves Dias, no Centro do Rio. Dali foi levado para uma fortaleza na Ilha das Cobras, onde ficou preso e incomunicável numa pequena cela por 1.072 dias.
Em 17 de abril de 1792, quatro dias antes da execução, ele foi transferido para a Cadeia da Relação, depois demolida para dar lugar à Câmara dos Deputados.
Hoje a construção se chama Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Uma estátua de Tiradentes fica em frente à construção.
Foi no oratório da cadeia que Tiradentes e outros 10 acusados ouviram o anúncio da condenação na manhã de 19 de abril. Todos foram condenados à morte. Na foto, a sentença.
Mas, depois, apenas Tiradentes teve a execução mantida. A pena dos outros foi transformada em exílio em colônias portuguesas na África mediante pagamento! Quem tinha dinheiro escapou...
Tiradentes era pobre. Além de alferes, ele era dentista. E não gostava de arrancar dentes. Preferia tratar. Instrumentos odontológicos que ele usava foram leiloados em 4/7/1792, quase quatro meses após sua morte. Francisco Xavier da Silveira comprou o lote inteiro por 800 réis.
Ninguém costuma lembrar, mas Tiradentes também trabalhou como minerador e comerciante.
Após o enforcamento, o corpo de Tiradentes foi esquartejado. Quatro partes foram colocadas em alforjes com salmoura para exibição pública entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. A cabeça ficou num poste numa praça até ser roubada, na terceira noite. E nunca mais apareceu.
A casa de Tiradentes em Vila Rica (atual Ouro Preto) foi demolida e o chão recebeu sal para que nada pudesse brotar no solo.
Tiradentes não tornou-se herói logo após a morte. Apenas 98 anos depois, em 1870, ele foi reconhecido como mártir pelo movimento republicano que pregava o fim da monarquia.
Curiosamente, Tiradentes foi exaltado tanto pela direita como pela esquerda no Brasil.
Em 1965, em plena ditadura militar, ele foi nomeado patrono da nação (Lei 4.897, de 9/12/65). Mas, ao mesmo tempo, era festejado como símbolo de liderança rebelde pelos políticos de esquerda. Na foto, busto de Tiradentes no Panteão da Pátria, em Brasília.
Tiradentes foi para o Rio de Janeiro em 1787. Ele pediu licença da cavalaria e só voltou para Minas um ano depois, já propagando ideias a favor da independência do Brasil..
Tais ideias se expressavam no lema da Inconfidência Mineira, também chamada de Conjuração Mineira: 'Liberdade, ainda que tardia'. É o que aparece no triângulo que estampa a bandeira do estado, com palavras em latim: 'Libertas Quae Sera Tamen'
Poucos sabem, mas, no Rio, Tiradentes projetou melhorias urbanas para abastecimento de água, construção de moinhos e transporte de passageiros por barcas. Ironicamente, 30 anos depois, Dom João VI mandou canalizar um rio da forma como Tiradentes havia idealizado. Mais um talento do herói nacional.