A peça tinha formato de anel e pesava cerca de 500 quilos. Ninguém ficou ferido.
Em entrevista ao site Tuko, um habitante local disse que chegou a pensar que era o 'fim do mundo'.
A polícia isolou o local e, na terça-feira (01/01), a Agência Espacial do Quênia (KSA) removeu o objeto para análise.
Após 48 horas, foi confirmado que se tratava de um anel de separação desprendido de um foguete durante sua subida ao espaço.
Testemunhas relataram que o objeto parecia um 'volante de carro gigante'. “Parecia uma bomba. Se tivesse caído em uma casa, o desastre seria grande”, descreveu um morador local.
Embora detritos espaciais geralmente queimem na atmosfera ou caiam em áreas desabitadas, este incidente chamou atenção por atingir uma área povoada.
'Objetos desse tipo geralmente são projetados para queimar ao reentrar na atmosfera da Terra ou cair em áreas desocupadas, como os oceanos', destacou a Agência Espacial do Quênia.
A queda também reacendeu preocupações sobre o aumento de detritos espaciais, já que mais de 14 mil toneladas orbitam a Terra, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA).
Especialistas e a Organização das Nações Unidas (ONU) destacam a necessidade de gerenciar e rastrear esses materiais para evitar acidentes futuros.
Uma estimativa da NASA aponta que milhões de detritos espaciais orbitam a Terra, com mais de 27 mil sendo rastreáveis.
A cada ano, são realizados cerca de 110 lançamentos e ao menos dez satélites ou objetos se fragmentam.
Segundo a agência americana, esse aumento de fragmentos representa o risco de colisões em órbita, potencialmente causando a chamada 'síndrome de Kessler'.
O fenômeno teórico descrito em 1978 pelo cientista Donald J. Kessler prevê uma reação em cadeia de colisões entre detritos espaciais em órbita terrestre baixa.
O conceito sugere que, à medida que mais objetos colidem, fragmentos adicionais seriam gerados, aumentando exponencialmente o número de detritos.
Um exemplo do fenômeno pôde ser visto no filme 'Gravidade' (2013), dirigido por Alfonso Cuarón e estrelado por Sandra Bullock.
A responsabilidade por esses eventos é difícil de atribuir, mas algumas empresas, como a Dish, já foram multadas por descartar satélites em órbita.
Além do episódio no Quênia, outros casos recentes já causaram preocupação. Em 2024, a NASA foi processada por uma família americana que viu detritos de um palete de baterias usadas da Estação Espacial Internacional caírem em sua casa na Flórida.
Em 2023, pedaços consideráveis de metal de uma cápsula SpaceX foram encontrados na área de uma fazenda no Canadá.
Algumas soluções propostas para resolver o problema incluem satélites que conseguem 'capturar' detritos, sistemas de desorbitação passiva para satélites em fim de vida útil e a produção de materiais mais resistentes a colisões.
Por mais que essas ideias existam, elas ainda estão longe de serem implementadas, devido principalmente ao alto custo para desenvolvimento em larga escala.